sábado, 29 de março de 2008

Cartilha de história para a 5ª série (sexto ano)

Como professora venho enfrentando há muitos anos um problema muito sério: como ensinar história sem que isto seja um sacrifico para meus alunos. Um dos maiores obstáculos diz respeito ao livro didático. O Estado nos fornece livros didáticos, não estou sendo mal-agradecida, mas os livros que temos no mercado atualmente são livros destinados a um tipo de aluno que é difícil de ser encontrado: um aluno com bom vocabulário e domínio da leitura – entendida como uma boa interpretação do texto.

Oras, eu tenho alunos que vêm de situações sociais e econômicas difíceis, que tiveram muitas dificuldades na alfabetização, que não possuem hábito da leitura fora da escola, que não dominam ainda habilidades como a de interpretar um texto, de fazer relações, de teorizar. Meus alunos, muitos vêm da zona rural – não que isto seja um defeito, pois eu mesma fui criada na zona rural até os cinco anos de idade -, e nas escolas rurais, todos sabemos que os recursos são poucos e que muitas escolas contam mesmo é com a boa vontade das professoras.

O fato é que eu enfrento o dilema de ensinar História Antiga para meninos que nem ao menos tem formada a idéia de história enquanto ciência. Complica ainda o fato de que os livros trabalham com conteúdos padronizados nacionalmente e, no caso de MG, temos um currículo que possui peculiaridades, como por exemplo, a exigência de se ensinar história local na quinta série. Temos que adaptar nosso currículo aos PCNs, ao CBC e temos que fazer tudo isto com um livro didático que geralmente não atende a todas as nossas necessidades.

Por esta razão resolvi desenvolver um trabalho diferenciado este ano. Optei por criar uma cartilha para a quinta série (atual sexto ano), com linguagem mais simples, letras maiores e muitas imagens, ilustrações e quadrinhos que chamem mais atenção das crianças e que deixe a leitura mais prazerosa. As atividades, além de incluírem questões de interpretação e análise do texto, terão jogos, produções de texto e outros recursos que estimule os alunos a pensar, analisar, refletir sobre o conteúdo apreendido.

Vou adotar a seguinte estratégia: tenho três turmas de quinta série. Em duas eu irei utilizar a cartilha completa. Todas as atividades serão feitas na cartilha e eu irei corrigi-las separadamente (irei reservar um terço da nota de cada bimestre para estas atividades, no lugar de uma avaliação formal). As cartilhas têm no nome do aluno e são de responsabilidade dele. O livro didático Será utilizado para leitura ocasional de textos como forma de enriquecimento do vocabulário e do conteúdo. O custo é bem baixo, e eu consegui que ela fosse imprimida pela Secretaria de Educação.

Na terceira turma eu usarei o livro normalmente, mas irei introduzir alguns textos da cartilha e manterei o mesmo ritmo de avaliações bimestrais. Não irei introduzir muitas mudanças.

Durante este primeiro semestre eu irei observar o rendimento das turmas e, se for o caso, adotarei na segunda parte da apostila – que irá versar sobre a ocupação da América, colonização do Brasil e história local. É uma mudança um tanto radical, vai me dar um pouco mais de trabalho, mas estou confiante nos resultados. Eu sou muito a favor da elaboração do material didático pelo próprio professor. Quem mais adequado do que o professor, que conhece o perfil do seu aluno, suas dificuldades, suas demandas, para saber qual a melhor forma de atingir os alunos e conseguir com que eles possam desenvolver melhor suas habilidades e adquirir as competências necessárias para concluir com êxito o ano escolar?

Comecei a trabalhar com a cartilha esta semana, e as primeiras impressões que tenho dos alunos são animadoras, diria até que eles se sentiram entusiasmados.