terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mais sobre o nosso cemitério

Alguns familiares e amigos acham que eu estou em uma fase macabra, falando sobre múmias e cemitério. Gosto de falar que estou na minha fase arqueológica. Ainda sobre o cemitério de Leopoldina, eu fui acompanhar familiares no dia de finados e aproveitei para olhar outras partes da "necrópole" que eu ainda não conhecia (o cemitério é bem grande e eu ainda não fui a todos os lugares).
Deparei-me com o túmulo da professora Judith Lintz Guedes Machado (a direita), a quem minha escola homenageia com o nome e com o lugar de descanso de um dos homens mais influentes do nosso município Dr. Custódio Junqueira (à esquerada) Andando um pouco mais, me chamou a atenção uma laje quebrada, no que seria um sepulcro simples. Ao me aproximar deparei-me com algo que achei que nunca veria em nosso cemitério: um túmulo aparentemente violado. Era possível ver pedaços do esqueleto destroçados e restos de tecido.
O túmulo não tinha numeração e, com a queima dos livros de registros anteriores a 1960, durante o incêndio da prefeitura, talvez seja impossível descobrir a quem pertence o sepulcro. Tirei algumas fotos, conde aparecem o crânio e o fêmur do esqueleto. Outras fotos não ficaram nítidas, por causa da luz. Acho uma pena encontrar um túmulo em tal estado, mas isto supõe ausência de família, que provavelmente deixou de visitar o túmulo já há alguns anos.

domingo, 2 de novembro de 2008

Curiosidades sobre múmias


Inspirada pelo dia de finados, resolvi colocar no blog algumas informações sobre múmias que coletei em alguns textos na Internet. Elas podem servir para montar algumas atividades – pelo menos eu tenho cá algumas idéias a respeito – e mesmo para ilustrar algumas aulas de história antiga ou história da América.

As múmias são cadáveres que são embalsamados por algumas sociedades que acreditam no retorno ao corpo de uma entidade entendida analogamente a um espírito. Tal processo, chamado de mumificação, tem como fim de preservar o corpo para a recepção do "espírito".

Mumificação é o nome do processo aprimorado pelos egípcios em que retiram-se os principais órgãos, além do cérebro do cadáver, dificultando assim a sua decomposição. Geralmente, os corpos são colocados em sarcófagos de pedra e envoltos por faixas de algodão ou linho. Após o processo ser concluído são chamadas de múmias. O processo de mumificação durava cerca de 70 dias.

A mumificação era um processo bastante complexo e demorado. O sacerdote (embalsamador) começava por retirar o cérebro do morto, com um gancho, por meio das narinas. Depois, faziam um corte no lado esquerdo do corpo, retirando os orgãos, que eram colocados em vasos próprios e guardados no túmulo, há exceção do coração, que, por ser necessário na outra vida, era recolocado no seu lugar.

O processo era realizado por especialistas em mumificação e seguia as seguintes etapas:

1º - O cadáver era aberto na região do abdômen e retirava-se as vísceras (fígado, coração, rins, intestinos, estômago, etc. O coração e outros órgãos eram colocados em recipientes a parte. O cérebro também era extraído. Para tanto, aplicava-se uma espécie de ácido pelas narinas, esperando o cérebro derreter. Após o derretimento, retirava-se pelos mesmos orifícios os pedaços de cérebro com uma espátula de metal.

2º - O corpo era colocado em um recipiente com natrão (espécie de sal) para desidratar e também matar bactérias.
3º - Após desidratado, enchia-se o corpo com serragem. Aplicava-se também alguns “perfumes” e outras substâncias para conservar o corpo. Textos sagrados eram colocados dentro do corpo.
4º - O corpo era envolvido em faixas de linho branco, sendo que amuletos eram colocados entre estas faixas.

Após a múmia estar finalizada, era colocada dentro de um sarcófago, que seria levado à pirâmide para ser protegido e conservado. O processo era tão eficiente que, muitas múmias, ficaram bem preservadas até os dias de hoje. Elas servem como importantes fontes de estudos para egiptólogos. Com o avanço dos testes químicos, hoje é possível identificar a causa da morte de faraós, doenças contraídas e, em muitos casos, até o que eles comiam.

Graças ao processo de mumificação, os egípcios avançaram muito em algumas áreas científicas. Ao abrir os corpos, aprenderam muito sobre a anatomia humana. Em busca de substâncias para conservar os corpos, descobriram a ação de vários elementos químicos.

Para transformar um corpo em múmia era muito caro naquela época. Portanto, apenas os faraós e sacerdotes eram mumificados. Alguns animais como, por exemplo, cães e gatos também foram mumificados no Egito Antigo.

Ritos especiais e embalsamamento preparavam os heróis para a vida após a morte, transformando-os em múmias. Uma das obrigações da vida futura era defender lugares sagrados. Caso ladrões ou outros pecadores perturbassem seu descanso, as múmias levantariam e destruiriam os inimigos.

As múmias naturais são muito raras, pois é necessário condições específicas para a sua formação, no entanto este processo produziu as múmias mais antigas conhecidas. A múmia mais conhecida é Ötzi the Iceman, congelado em uma glaciação, nos alpes Ötztal, em torno de 3300 a.C. e foi encontrada em 1991. Uma outra múmia mais antiga, no entanto menos preservada, foi encontrada em Nevada, EUA em 1940, e foi datada com carbono-14 em torno de 7400 a.C.

Em 1972 foram descobertas oito múmias extraordinariamente bem conservadas em uma comunidade Inuit, chamada Qilakitsoq, na Groelândia. As “Múmias da Groelândia” é um grupo formado por um bebê de seis meses, um garoto de quatro anos e seis mulheres de várias idades, que morreram há aproximadamente 500 anos. Os corpos foram mumificados por causa das temperaturas abaixo de zero e os ventos secos que cercam a caverna onde foram encontrados.

Algumas das mais bem preservadas múmias datam do período Inca no Peru, há 500 anos atrás, quando crianças sacrificadas em ritos eram colocadas nos picos das montanhas da Cordilheira dos Andes. O clima frio e seco age na preservação dos corpos.


Algumas curiosidades:
- As múmias egípicias, apesar de serem as mais famosas, não são as mais antigas. Cerca de 2500 anos antes do processo ser adotado pelos egípicios, a mumificação já era práticada entre os chichorros, povo que vivia entre o atual norte do Chile e o sul do Peru. As múmias mais antigas (7,8 mil anos) eram de crianças que, quando mortas, tinham a carne substituída por junco, gravetos e barro pintado. O resultado elmbra uma estátua, mantida em casa pelos chichorros, para matar a saudade do filho perdido.

- Monges do século 18 tentavam mumificar-se ainda vivos, com ajuda de uma dieta à base de resinas de árvores. Se deu certo, ou se os corpos foram preservados depois, não se sabe.

- Na Renascença recomendava-se múmia para cura de quase tudo. Uma pequena dose, dizia-se, acabava com enxaquecas, incontinência urinária, paralisia e vertigens. Entre os consumidores fiéis estavam o rei francês Francisco I, um dos mecenas de Leonardo da Vinci, e sua nora, Catarina de Medici, sobrinha do papa Clemente VII.
- No tempo de Napoleão Bonaparte, a admiração por múmias e pela cultura egípcia persistiu. Em 1799, ele voltou da campanha no Egito com duas cabeças mumificadas na bagagem. Ficou com uma e deu a outra de presente a sua mulher, Josefina.
- A múmia mais famosa do mundo moderno está guardada em um mausoléu na Praça Vermelha, em Moscou. O corpo do líder comunista Vladimir Lênin, morto em 1924, foi preservado por uma equipe de embalsamadores que trabalharam durante cinco meses para criar a ilusão de que ele estava apenas dormindo. Seu rosto e mãos ainda estão à mostra, mas o resto do corpo está coberto por uma roupa preta, que impede a visão da decomposição. Ocasionalmente, o corpo mumificado é lavado com um líquido especial para manter a aparência impressionante.
- No século 19, a análise dos corpos preservados do Egito Antigo visavam muitas vezes provar a suposta superioridade dos brancos e justificar a escravidão dos negros. Teorias racistas também inspiraram os dirigentes nazistas, que mandaram uma expedição a Xinjiang, na China, atrás das múmias de origem caucasiana, de 4 mil anos. A intenção era provar que Gengis Khan (1162-1227), o líder mongol admirado por Adolf Hitler (1889-1945), tinha a mesma origem que os alemães. Voltaram de mãos vazias.
- Arqueólogos no Peru encontraram partes da múmia de uma mulher grávida que foi sacrificada, em uma tumba pré-Inca na província de Lambayeque, no norte do país. Apesar de sacrifícios humanos não serem raros nas civilizações pré-hispânicas no Peru, o sacrifício de uma mulher grávida não era comum porque existia uma grande admiração pela fertilidade. No mesmo local, também foram encontrados os corpos de outras nove mulheres.

- Em 2002 um cemitério com mais de 2000 mil múmias foi encontrado em uma favela, na periferia de Lima, no Peru. As múmias eram protegidas por rolas de algodão e muitas vezes uma família inteira estava mumificada junta. O cemitério data do período entre 1480 e 1535.

- No Brasil também temos múmias. Este ano foram encontradas no Mosteiro da Luz, em São Paulo, múmias de freiras, conservadas naturalmente, com cerca de 200 anos.

Fontes:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020417_mumiasae.shtml
http://pedrodoria.com.br/2008/02/29/as-mumias-paulistanas-e-as-mocas-do-brasil-colonial/

sábado, 1 de novembro de 2008

Defesa de Tese

Minha querida amiga Valéria Fernandes defendeu sua tese de doutorado ontem, na UNB. O título da tese é A Construção da Verdadeira Religiosa no Século XIII: o Caso de Clara de Assis. Agora ela é uma DOUTORA em História Medieval.

Uma grande vitória e merecida, para quem fez doutorado trabalhando no Colégio Militar, dando aulas em faculdade e ainda tendo que dar conta de 4 gatos, um cachorro, uma casa e um marido! Eu não poderia deixar de postar este breve comentário.

PARABÉNS, DOUTORA VALÉRIA!!!