domingo, 26 de abril de 2009

Dilermando Cruz

Imagem tirada do Jornal O Novo Movimento (09/03/1911)

Neste aniversário de Leopoldina eu procurava algo mais a acrescentar à nossa história, sem ter muita certeza do que eu pretendia exatamente fazer, afinal, são muitos caminhos que podem ser tomados, levando-se em conta a fragmentação da nossa história, perdida em arquivos imundos ou simplesmente esquecida pelos nossos pares.


Olhando minhas anotações e meu material de pesquisa, que eventualmente consulto quando tenho algum tempo disponível, deparei-me com um personagem muito importante da nossa história: Dilermando Cruz.

Sou a primeira a admitir que não sabia quem era Dilermando Cruz, embora o nome não me fosse estranho. Lendo algumas reportagens sobre ele no Semanário O Novo Movimento, publicado na década de 1910, em Leopoldina, comecei, então minha pesquisa e, quanto mais descobria, mais intrigada eu ficava.


Num primeiro momento eu o confundi com o médico e político Dilermando Cruz Filho, possivelmente filho de Dilermando Cruz – apesar de ter sido vereador, prefeito e deputado por Juiz de Fora, há muito pouco sobre Dilermando Cruz Filho disponível na internet, sendo que dados de sua genealogia não são mencionados.


Então, para que os leitores deste modesto texto não se percam na mesma dúvida, nosso Dilermando é outro, embora não menos interessante.


Dilermando Cruz foi um leopoldinense de nascimento, mais exatamente no ano de 1879.Foi jornalista e político ativo da Zona da Mata. No ano de 1911 foi candidato a Deputado Estadual, para as eleições daquele ano. Fundou e dirigiu, em Leopoldina o Jornal Folha do Leste, que circulou na cidade durante dois anos – possivelmente na virada do século XIX para o XX - e sobre o qual eu não tinha conhecimento da existência, até então. Nos primeiros anos do século XX, Dilermando teve que se mudar para Juiz de Fora por motivos de saúde na família. Lá ele fundou o jornal o Correio da Tarde, em 1906, do qual foi proprietário e diretor.


Neste jornal, logo no segundo número, o filho distante dava uma prova de que não esquecera nem a sua terra, nem os seus amigos, e, para tanto demonstrar, escrevia a respeito de Leopoldina, chamando a atenção do governo para beneficiar a sua terra, removendo uns tanto estorvos que impediam a marcha do progresso leopoldinenses[1].


Como político, Dilermando pertencia a um dos blocos políticos mais fortes de Minas Gerais, o dos silvianistas, liderado por Wenceslau Braz[2] - e por Júlio Bueno Brandão, com fortes articulações com a Zona da Mata.


Wenceslau Brás, 9º Presidente do Brasil.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Venceslau_Br%C3%A1s_(retrato_oval).jpg


Mas se eu conheci, inicialmente, o Dilermando Cruz, o político e jornalista, foi com agradável surpresa que fui apresentada ao Dilermando escritor e fundador da Academia Mineira de Letras, em 25 de dezembro de 1909, em Juiz de Fora.

Inicialmente, os doze idealizadores capitaneados por Machado Sobrinho e integrados por intelectuais do naipe de Belmiro Braga, Dilermando Cruz, Amanajós de Araújo e outros expoentes das letras, elegeram mais dezoito intelectuais espalhados por todo o Estado e representativos do que de melhor existia entre a elite acadêmica de Minas Gerais.


Em 1915, acordaram os membros da Academia Mineira de Letras a transferência da sede da Academia para a Capital do Estado.Dilermando ocupava a cadeira número 15, cujo patrono era ninguém menos do que Bernardo Guimarães (1827-1884), até o ano de sua morte, em 1935. Atualmente a cadeira é ocupada por Bonifácio José Tamm Andrada.[3] Sua obra de maior destaque foi a Biografia de de Bernardo Guimarães, de 1911. [4]


Se este texto terá algum impacto sobre o leitor, não posso fazer qualquer afirmação. Mas sobre quem o escreveu deixou uma série de perguntas que pedem respostas. Não sou um fã de biografias, mas acredito que saber sobre quem caminhou entre nós e o que fez por nossa cidade pode ser muito enriquecedor.

Entristece-me profundamente não saber mais sobre esta figura importante para Minas, que deu seus primeiros passos em Leopoldina e que deixou marcas em nossa cultura. Assim, se algum leitor tiver alguma informação que possa ser aqui acrescentada, peço que entre em contato, pelo e-mail nogueira.natania@gmail.com , para que estas breves páginas possam ser transformadas em um capítulo a mais da nossa história.


[1]LEÃO, Arthur. Dilermando Cruz. O Novo Movimento, n 34, 9 de março de 1911, p. 02.

[2] Wenceslau Brás foi presidente do Brasil (15/11/1914 - 15/11/1918), e seu governo foi caracterizado por grande austeridade financeira, foi promulgado o Código Civil Brasileiro e encerrada a Guerra Sertaneja do Contestado, no sul do país. Em 1917, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Império Alemão e, em seguida, declarou-lhe guerra.(Wencelau Brás. Disponível em http://www.republicaonline.org.br/RepOnlineNAV/navegacao/presidencias/presidencias.asp?op=busca&secao=pres&cod=9, acesso em 26/04/2009.

[3] Academia Mineira de Letras. Disponível em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/04/academia-mineira-de-letras.html, acesso em 26/04/2009.

[4] Dilermano Cruz -- "Bernardo Guimarães", 1ª edição, Casa Azul, Editora S. Costa & Cia, Juiz de Fora, 1911 A 2ª edição, foi publica pela Imprensa Oficial de Minas Gerais, em 1914, e nela foi acrescentada do drama "A Voz do Pajé", na íntegra. Esta peça, segundo Carlos José dos Santos, foi inspirado no Natchez, de Chateaubriand. (GUIMARÃES, Armelim. No "Atualidades", do Rio. Disponpivel em: http://www.geocities.com/athens/olympus/3583/atual.htm acesso em 25/04/2009.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Professores da Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado se unem para ajudar a preservar o patrimônio cultural da cidade

Esta segunda, 20 de Abril, não foi um dia comum para seis professoras que resolveram doar seu dia de folga para ajudar a resgatar uma parte do nosso patrimônio. Eu fui uma delas. Como muita gente sabe, tenho tentado salvar o pouco que nos resta da documentação do Império, que encontra-se em um depósito, amontoada.

Sandra e Madalena, separando e limpando livros

Comecei a tirar uma parte desta documentação e a levá-la para o prédio antigo da nossa Câmara, atualmente em reforma. No entanto, compromissos como o 1° SIEL e a reforma do prédio fizeram com que eu interrompesse momentaneamente o trabalho. Neste meio tempo, a Secretaria de Cultura fez uma oferta à Câmara Municipal: a doação de uma enorme coleção de obras raras, até então sem espaço certo na Biblioteca Municipal, para o acervo da futura biblioteca da Câmara Municipal.

Elizan organizando os livros

Estes livros ficaram sob minha responsabilidade. Atualmente a Secretaria de Educação conta com apenas dois funcionários e, por isto, resolvi solicitar ajuda de algumas amigas - colegas de trabalho - da E. M. Judith Lintz Guedes Machado que me ajudassem na tarefa se separar e catalogar estes livros e de separar e selecionar entre os documentos que eu trouxe do "arquivo" da prefeitura aqueles que seriam de interesse da Câmara.

Estava rezando para conseguir uma pessoa que me ajudasse: consegui cinco.

Madalena e Eva fazendo uma pausa para a leitura

Marcamos para começar o trabalho à 13 horas e encerrar, no máximo, às 17 horas, afinal é feriado. Saímos às 19 horas, porque nenhuma das voluntárias queria ir embora (e já se ofereceram para voltar).

Sandra, concentrada na limpeza

Entre as obras raras que começamos a catalogar - ainda não terminamos - estão obras completas de Rui Barbosa, livros de viajantes, obras de antropologia e etnologia, muitos livros sobre a história de Minas Gerais, sobre História do Brasil, edições comemorativas, como uma luxuosa coleção dos 100 anos da Independência, além de reproduções em tamanho natural de documentos e mapas históricos. Também estão no acervo as encadernações da Gazeta de Leopoldina, do Ilustração e Recreio e Novo Movimento, periódicos que circularam em Leopoldina nos séculos XIX e XX.

Michela, Eva e Elizan na limpeza

A professora Elizan ficou encantada. Aliás, tinha momentos em que o trabalho parava e as professoras ficavam a ler os livros - há muito livros de contos, de folclore também sobre patrimônio. Tratasse de um material riquíssimo, que quando estiver organizado e disponibilizado para o público, poderá servir de base para pesquisas de professores e de alunos dos mais diversos cursos universitário.

Eu, encarando 5% dos documentos que vou ter que separar.

Um verdadeiro tesouro, escondido na Biblioteca Municipal e que agora poderá ser consultado. Em breve eu irei disponibilizar uma lista com o título das obras para quem se interessar. O trabalho deverá continuar, nos fins de semana - sim nós vamos voltar - pelos menos duas vezes ao mês. Espero que, em breve, este material possa estar sendo disponibilizado para o público.

O resultado de uma tarde de trabalho
(são duas carreiras de livros por estante.
Abaixo estão os periódicos)

Iremos fazer, também, a separação e higienização dos livros e dos documentos da Câmara Municipal. Um presente nosso para Leopoldina, que está completando 155 anos.

Sandra, Michela, Natania, Eva e Madalena
(Elizan está tirando a foto), no final do dia, cansadas mas felizes


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Academia Leopoldinense de Letras e Artes recebe Oilian José


A Academia Leopoldinense de Letras e Artes estará comemorando no dia 23 de abril, o Primeiro Aniversário de Posse e Diplomação dos seus sócios fundadores, a ser realizada no Plenário da Câmara Municipal de Leopoldina, quando será entregue o Título de Sócio Honorário ao Professor Oiliam José.

O historiador, biógrafo e escritor Oiliam José é membro da Academia Mineira de Letras. Nasceu em Visconde de Rio Branco em 9 de fevereiro de 1921.Fez o curso secundário no Colégio Rio Branco, em sua terra natal, o de contabilidade em Miracema, RJ, e em Leopoldina, MG, e o superior na Faculdade de Direito de Juiz de Fora, MG, pela qual se bacharelou em 1963.
Fundou e dirigiu os jornais O Ginasiano e O Escoteiro.

Integrou os corpos docentes do Ginásio Rio Branco, de Visconde de Rio Branco, do Ginásio São Paulo de Muriaé, do Ginásio Leopoldinense, de Leopoldina, transformado no Colégio Estadual Prof. Botelho Reis, no qual foi titular da cadeira de História Geral e do Brasil, e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Marcelina, de Muriaé, na qual foi catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira.
Foi secretário Municipal da Prefeitura de Visconde de Rio Branco.

Fiz questão de anunciar a reunião da Academia por conta da presença deste ilustre mineiro, historiador tradicional, cujas publicações são fontes de pesquisa inesgotáveis para os amantes da história. Tenho vários livros do autor, inclusive Historiografia Mineira, que me foram dados pelo seu irmão, Monsenhor Chamel, que trabalha na nossa diocese. Aguardo com ansiedade a possibilidade de poder conhecê-lo.