sexta-feira, 20 de setembro de 2013

EXPOSIÇÃO CONTA A HISTÓRIA DE LEOPOLDINA


Esta semana eu tive o prazer de poder visitar a exposição "Do feijão Cru ao Girassol Maravilhoso - fragmentos da memória Leopoldinense", que conta a partir de fotos e documentos uma parte da história de Leopoldina, apresentando à população alguns personagens da nossa história que para muitos são desconhecidos.

Visualmente, ela é deslumbrante. A curadoria conseguir colocar em um espaço limitado uma série de informações que formam uma espécie de linha do tempo, que abarca aproximadamente 150 anos de história. Nela, personagens como Augusto dos Anjos e Serginho do Rock dividem o mesmo espaço e contam suas histórias.

Há também documentos como jornais e livros que, segundo fui informada, estarão sendo constantemente trocados para que, a cada semana, o visitante possa encontrar algo novo. Eu, sinceramente, não me recordo de ter visto uma iniciativa parecida, aqui em Leopoldina.

Uma boa pedida para toda a família e, claro para as escolas. A exposição estará disponível para visitação até o final do mês de novembro. Vejam algumas fotos:






Onde está a criatividade?


Onde está a criatividade?

Esta é uma pergunta que tem sido cada vez mais difícil de responder. Como professora, eu tenho me sentido muitas vezes perdida.

Enquanto que a maioria esmagadora do sistema educacional brasileiro exige que os resultados das avaliações sejam os melhores, em termos numéricos, por outro lado a qualidade da aprendizagem tem deixado muito a desejar.

Há vinte anos atrás, quando comecei a lecionar eu imaginava que, no futuro, meus alunos seriam mais criativos, mais conscientes e mais comprometidos. Não que eu já não tivesse um bom conceito sobre eles. Muito pelo contrário. Em diversos momentos eles me surpreenderam com resultados excepcionais. Da década de 1990 guardo as melhores recordações, nesse sentido. Aqueles foram alunos que me marcaram, não pelas notas que tinham, mas porque eu via naqueles meninos e meninas um potencial enorme.

Hoje eu encontro com alguns deles e tenho uma sensação muito boa, porque eu sinto que eles estão felizes, que tem perspectivas para o futuro, eles têm sonhos, planos. 

Qual é a diferença daqueles alunos para os que possuem atualmente (com algumas exceções, claro)?

Eles foram e eram mais criativos.

Vou esclarecer o que eu penso sobre criatividade, antes de tudo. Para mim a criatividade é aquela capacidade de usar o raciocínio lógico de forma a encontrar soluções para problemas.

É a capacidade de superar desafios mesmo quando os recursos materiais e/ou humanos que se dispõe são limitados. A criatividade é aquela ferramenta fundamental para que uma pessoa possa suprir determinada falha ou mesmo a falta de determinado conhecimento.

É isso que tem, a meu ver, faltado aos meus alunos. Eles estão se habituando tanto a copiar e reproduzir que estão perdendo a oportunidade de desenvolver a criatividade. Fazer conexões, usar a lógica criar ao invés de copiar, têm sido operações cada vez mais difíceis.

Um exemplo simples: toda véspera de prova eles me pedem um resumo. Eles querem que eu condense em uma folha tudo aquilo que estudamos durante um ou dois meses. Toda véspera de prova eu repito o mesmo discurso: o resumo é a síntese do que VOCÊ estudou, portanto EU, PROFESSORA, não posso fazer isso por você.

Se eu fizesse, o que aconteceria?

Eles iram decorar, tirar notas boas e esquecer.
Eu prefiro uma nota regular, resultado do esforço e de um conhecimento realmente apreendido, do que uma nota máxima resultado da mera reprodução de um conteúdo decorado e que será, certamente, esquecido.

Percebem? Copiar, decorar e reproduzir.

Assim, claro, as notas serão boas. O aluno, de forma geral, não parece entender que ele deve produzir, deve usar seu raciocínio e chegar ao conhecimento. O professor orienta, mas ele não pode executar essa operação para o aluno. Isso é aprendizado.

Ah, mas os alunos não gostam de ler, logo não sabe interpretar, logo não consegue entender o que está escrito numa atividade.

Ah, mas o aluno tem um vocabulário ruim, não faz conexões simples. 

Nada disso é uma inverdade, mas eu percebi que estamos esquecendo-se da questão mais importante: isso é falta de criatividade. Tanto os professores precisam ser criativos e estimular a criatividade, quanto os alunos têm que ser levados a desenvolver sua criatividade, em todos os conteúdos, em todos os anos da educação básica e, inclusive, no curso superior.

(...) as habilidades criativas são de crucial importância no processo de preparação dos alunos para lidar com o mundo complexo e cheio de desafios. Contudo, percebe-se que a criatividade no contexto educacional, em geral, tem tomado como base para reflexão o senso comum e, assim, seu verdadeiro significado e implicações pedagógicas deixam de ser evidenciados. Essa situação pode levar à banalização da criatividade, que dessa forma será tratada com simplismo e permeada por mitos e crenças que lhe conferirão uma visão restrita.[1] 

O aluno criativo ele se expressa melhor, tem mais segurança para desenvolver atividades e é mais habilidoso para resolver problemas. Ele fala, escreve e age melhor.

Tenho uma amiga, Renata Arantes, que é professora de Artes no CEFET. No curso, ela procura usar a arte de forma a desenvolver essa criatividade. Ela trabalha a expressão corporal e verbal; ela desinibe os alunos que estão entrando no primeiro ano do ensino técnico por meio da criação, do teatro e até promovendo debates na sala de aula, permitindo que o aluno fale de si mesmo e ouça o que os outros estão falando. A aula de artes prepara o aluno para ser uma pessoa e um profissional mais criativo.

Outra amiga, professora de língua portuguesa, trabalha com produção de quadrinhos com alunos do nono ano. Ela consegue que eles se expressem através do desenho e da narrativa. Esses alunos também se tornam leitores mais competentes e mais interessados. Eles podem não ter o melhor domínio da gramática, mas possuem uma grande capacidade de expressão.

Essas duas educadoras, e eu poderia citar outras, dão a prioridade à criação, à criatividade. Uma vez que essa habilidade está desenvolvida e cristalizada, o aluno pode ter muito mais êxito como estudante, como profissional, como pessoa.

É importante ter em mente o fato de que as pessoas não nascem criativas. A criatividade é desenvolvida através de estímulos, desde a infância.

a expressão criativa não depende apenas das características individuais. O ambiente e o contexto sócio-histórico-cultural têm um papel fundamental na estimulação ou inibição do potencial criador de qualquer pessoa, pois somos seres sociais, influenciamos a cultura e o momento histórico e somos influenciados por eles.[2]

A escola é o espaço privilegiado onde essa criatividade pode ser estimulada. É preciso lembrar que, diariamente, crianças e jovens podem passar até seis horas em uma escola (ou mais). Pesquisas sobre criatividade apontam o professor como elemento indispensável para incentivar a criatividade.

Infelizmente, o próprio sistema de trabalho didático-pedagógico adotado pelas instituições de ensino acaba por contribuir para que o aluno não possa encontrar espaço para desenvolver sua criatividade.

Os fatores favoráveis ao desenvolvimento do potencial criativo são reconhecidos como necessários por parte dos professores, mas o cotidiano escolar é cheio de limitações e dificuldades que emperram o processo de construção de um ambiente favorável à criatividade.[3]

Estamos perdendo nossa capacidade criativa e perdendo a oportunidade de desenvolvê-la. Eu tenho visto a escola brasileira, no seu geral, ficando cada vez mais conservadora no sentido em que valoriza cada vez mais o resultado quantitativo em detrimento do qualitativo. Os números estão matando a criatividade e se confundindo com a qualidade.

Atualmente eles têm dominado nossa sociedade. Lembro-me, por exemplo, que os programas infantis dos canais abertos de televisão faziam sorteios de brinquedos para crianças que enviam cartinhas ou que participavam de uma brincadeira. Outro dia, vendo um programa infantil, fiquei desolada: as crianças participam agora para ganhar dinheiro. “O que você quer ganhar”, pergunta o apresentado. “Mil reais, responde a criança”.

Não é de se admirar que os jovens tenham escolhido suas profissões muito mais pelo valor do salário que irão ganhar do que pela sua aptidão. Os números estão matando a qualidade e impedindo o desenvolvimento da criatividade: o valor as notas, os prêmios em dinheiro, o valor do salário.





[1] ALENCAR, Maria Lima Soriano de OLIVEIRA, Eny da Luz Lacerda Eunice. Criatividade e escola: limites e possibilidades segundo gestores e orientadores educacionais. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 14, Número 2, Julho/Dezembro de 2010, p. 246.
[2] CASTRO, Julia Soares Rosa de, FLEITH, Denise de Souza. Criatividade escolar: Relação entre tempo de experiência docente e tipo de escola. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), Volume 12 Número 1 Janeiro/Junho 2008, p. 102.
[3] MARIANI, Maria de Fátima Magalhães, ALENCAR, Eunice Maria Lima Soriano de. Criatividade no trabalho docente segundo professores de história: limites e possibilidades. Psicologia Escolar e Educacional, 2005 Volume 9 Número 1, p. 27.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

LANÇAMENTO: EDUCAÇÃO INTERCULTURAL

Esta semana o professor Dr. Abdeljalil Akkari, membro da Comissão Suíça da Unesco, professor na Universidade de Genebra e membro do Département Fédéral des Affaires Étrangères, esteve em Juiz de Fora lançando seu novo livro, em conjunto com as professoras Mylene Cristina Santiago e Luciana Pacheco Marques

O prof. Akkari trabalha com educação internacional e com multiculturalismo. Confira o release do livro, que saiu pela editora Vozes.



Os capítulos deste livro convidam a fazer uma reflexão sobre os fundamentos teóricos e filosóficos da educação intercultural, como também a propor pistas e ferramentas que permitam operacionalizar o diálogo intercultural no cotidiano escolar. A obra representa um importante subsídio para todos os que se preocupam em fundamentar e desenvolver ações pedagógicas multiculturais, traçando panoramas e perspectivas para a área.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

ENQUETE MOSTRA O QUANTO (NÃO) SABEMOS SOBRE A NOSSA HISTÓRIA

Alunos/pesquisadores do 7º ano A

Durante o ano, temos diversos feriados cívicos nos quais comemoramos fatos importantes da história do nosso país. Nesses dias, todos param para refletir acerca dos rumos que o Brasil deveria tomar, com base na nossa trajetória histórica. Em tese deveria ser assim. Na verdade, a cada feriado cívico ouvimos sempre alguém comentar: as pessoas gostam dos feriados porque ficam em casa, descansando, ou podem sair para viajar, elas não sabem o que estão comemorando.

Será que isso é mesmo verdade?

Será que nossa formação cívica é tão rasa?

Para tentar descobrir isso, os alunos do 7º ano da turma A do Colégio Imaculada Conceição foram às ruas e perguntaram às pessoas se elas sabiam o que se comemorava no dia sete de setembro. Foram noventa e cinco entrevistas, envolvendo pessoas entre 18 e 82 anos de idade, homens e mulheres, a grande maioria pertencendo à classe média.

Os resultados foram curiosos, assim como a reação dos entrevistados, muitos deles surpresos com as perguntas.  Das pessoas entrevistadas 94,7% sabem que no dia sete de setembro comemoramos a Independência do Brasil. Esse seria um resultado muito bom, acima de qualquer expectativa, caso não houvesse mais uma pergunta sobre o tema.

Ao serem inqueridos sobre o significado dessa data para o Brasil, 39% declararam não saber e outros 27,3% acreditavam que sabiam, mas suas respostas estavam incorretas. Apenas 33,7% responderam corretamente à pergunta. A maioria confunde a Independência do Brasil com o fim da colonização. Se você também faz isso, não sinta vergonha, é um erro bem comum. 

Eu mesma, quando estudei no ensino regular, aprendi que a Independência do Brasil significou o fim da colonização do nosso país. Apenas na faculdade eu percebi meu erro. Infelizmente, vinte anos depois muitas pessoas ainda reproduzem esse equívoco.

O Brasil deixou de ser colônia no ano de 1815, quando Dom João VI o elevou a Reino Unido, igualando-o a Portugal. Na Independência, o que aconteceu foi a separação do reino do Brasil do reino de Portugal. Assim, o Brasil passou a ter uma autonomia política plena.

Outro dado levantado durante a pesquisa pelos nossos jovens pesquisadores diz respeito aos nossos heróis nacionais. A maioria acertou quando respondeu que Dom Pedro I foi responsável pela proclamação da Independência. Mesmo aqueles que não sabiam o significado do fato reconheciam aquele que o havia efetivado. No entrando, 19% das pessoas acredita que Pedro Alvares Cabral foi quem proclamou a Independência do Brasil.

Essa atividade escolar nos oferece dados para refletir verdadeiramente sobre os rumos do nosso país, no que toca à educação, em especial àquela educação voltada para a preservação da nossa memória, que ocorre na escola, especialmente durante as aulas de história. Longe de querer o retorno das enfadonhas aulas de Moral e Cívica, acredito que deva haver preocupação em se ensinar não apenas os nomes dos heróis e dos fatos aos quais eles estão relacionados, mas, principalmente, seu significado.

Que a maioria sabe o que se comemora no dia sete de setembro ou que Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil não significa que todos sabem e entendem o que isso significa. Muito mais do que o feriado é importante pensar na formação do nosso povo, em dar a ele a oportunidade de compreender o significado daquilo que comemora para que ele não seja apenas um mero expectador da nossa história. Não é vergonha não ter conhecimento, a vergonha está em não haver investimento para que nossos professores sejam bem preparados para desempenharem bem seu papel de formadores dos nossos futuros cidadãos.

Leia abaixo alguns trechos do relatório feito pelos alunos ao final da pesquisa.

“A primeira pessoa que eu entrevistei foi a minha avó. ela ficou me contando histórias sobre a Independência, eu mal consegui entrevistá-la. Minha tia estava almoçando, por isso respondeu corrido e resolvi deixá-la em paz. Minha mãe não queria de jeito nenhum, ao contrário do meu pai que já foi se oferecendo. Minha irmã de sete anos começou a chorar, porque não sabia a resposta".

Ana Carolina Abreu Alves

"Na primeira e na terceira perguntas as pessoas entrevistadas responderam rapidamente e aparentemente com certeza. Na segunda pergunta, onde a pergunta é “Você sabe o que foi a Independência do Brasil?”, a maioria hesitou para responder e quando responderam não pareciam ter muita certeza em sua resposta e algumas corrigiram o que tinham falado logo depois".

Lara M. O Brügger

"A maioria das pessoas sabiam o que era comemorado no dia sete de setembro, mas a não sabiam o que era a Independência do Brasil. Quase todas sabiam que Dom Pedro I foi o personagem responsável pela proclamação. algumas ficaram bastante curiosas sobre o assunto e acharam legal. elas se surpreenderam ao perceber que não sabiam o que era a Independência do Brasil e ficaram curiosas para saber a resposta".

Laura Montan

"Pelo que notei, as pessoas confundem muito a Independência do Brasil que é dia 07 de setembro, com a Proclamação da República que é dia 15 de novembro".

Matheus Pacífico da Silva

"A maioria das pessoas se assustou com o tipo de pergunta e depois chutaram as respostas porque na verdade não sabiam o que estavam comemorando, algumas perguntaram por que esse tipo de pergunta, ou perguntaram para mim a resposta porque elas não sabiam fazer o trabalho foi muito divertido porque nunca pensar por esse lado".

Júlia Brito Moura Montan

domingo, 1 de setembro de 2013

A CHACINA DA LAPA - DITADURA MILITAR

Neste período eu me matriculei em uma matéria que trata da Ditadura Militar no Brasil. Eu confesso que não é um conteúdo que eu domine (e olha que sou professora há décadas) e que nunca me chamou atenção. Mas estou aprendendo muito e, acreditem, até gostando.

Quem é professor, ou tem qualquer outro tipo de profissão, sabe que a gente tem nossas preferências e acaba dando a elas mais atenção. Isso muitas vezes é um erro. Não há nada de errado em se especializar, muito pelo contrário, mas a gente tem que experimentar coisas "novas". 

No meu caso, está sendo muito bom. Agora nesse fim de semana eu estava lendo alguns textos para um trabalho sobre o PC do B e fiz uma descoberta. A Chacina da Lapa. Juro que não sabia nada sobre o assunto. Até porque, nono ano, quando trabalho o tema, normalmente não conseguimos fechar a matéria no final do ano ( é muito extensa). 

Bom, para quem, como eu, não sabe o que foi a Chacina da Lapa. Segue abaixo um pequeno esclarecimento:

Pedro Pomar

A Chacina da Lapa ou Massacre da Lapa foi uma operação do exército no comitê central do PCdoB, localizado no bairro da Lapa, em São Paulo. O comitê funcionava na ilegalidade e seus membros foram surpreendidos pela ação militar. No episódio morreram Ângelo Arroyo e Pedro Pomar. Outro dirigente, o economista João Baptista Franco Drummond, havia sido preso no dia anterior e, encaminhado ao DOI/CODI, foi assassinado[1].

Foto tirada no local da Chacina da Lapa
Fonte: http://www.apublica.org/2013/04/para-justificar-assistencia-militar-a-ditadura-eua-diziam-tortura-era-excecao/


Para saber mais sobre o assunto, eu fiz algumas buscas na internet e achei um vídeo com relatos de membros do PC do B. Não é longo, vale a pena tirar uns minutinho para ouvir.


[1] Chacina da Lapa. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chacina_da_Lapa , acesso em 30/08/2013.