sábado, 17 de janeiro de 2015

QAHERA E A LUTA CONTA A MISOGINIA

Uma super-heroína muçulmana.

Em tempos onde o multiculturalismo tomou conta das histórias em quadrinhos, não é necessariamente uma novidade. A novidade é que a personagem luta contra a misoginia e foi criada por uma mulher muçulmana.

Seu nome é Qahera e ela é egípcia. Em resumo, ela usa suas habilidades especiais para lutar contra homens que acham que podem assediar mulheres. Ela carrega uma espada e tem habilidades fantásticas de luta. Seu nome significa "conquistadora" ou "vencedora".

A personagem foi criada pela cartunista Deena Mohamed, e como muitas criações de jovens artistas, tem suas aventuras publicadas na internet, na forma de webcomics. Webcomics, ou quadrinhos on-line, ou ainda web comics, são quadrinhos publicados exclusivamente na internet. É uma forma de publicação independente, muito parecida com os fanzines, que tem ganhando grande popularidade e revelado muitos jovens talentos.

A autora, Deena Mohamed, é uma jovem estudante egípcia. Sua inspiração para criar a personagem veio do desejo de desenhar uma personagem feminina forte pudesse defender outras mulheres sob ameaça de maus-tratos. 

Mohamed sempre se sentiu frustrada com a misoginia que predomina no Egito. A autora se posiciona contra qualquer intervenção externa na sociedade.  Não acha que ela precisa de um salvador "branco". Acredita que sociedade precisa se curar de práticas ultrapassadas e que as leis que defendem as mulheres precisam ser respeitadas. Que a sociedade pode se tornar mais justa, principalmente no que tange as relações entre homens e mulheres.

Qahera representa o desejo da mulher egípcia de se proteger contra a violência. Fato que pode ser facilmente compreendido quando se tem algum conhecimento sobre a realidade das mulheres naquele país. No Egito, segundo dados da ONU, de cada três mulheres, duas sofre algum tipo de violência diariamente. 

Em entrevista coletiva realizada no Cairo, a diretora no Egito da ONU Mulheres, a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, Nihad Gohar, afirmou que a violência contra as mulheres está provocando "lesões físicas e psicológicas devastadoras em vários sentidos". Ela advertiu que esta situação reforça "a subordinação das mulheres aos homens" e contribui para o fortalecimento de normas culturais "estereotipadas" que limitam a contribuição feminina à sociedade.[1]

 O combate ao assédio sexual e misoginia através da arte é uma armas que os ativistas tem utilizado para tentar mudar a mentalidade de homens e mulheres. 

  
Qahera foi criada a partir de modelos reais, mulheres fortes que a autora conhece e convive no seu dia a dia. Suas aventuras são baseadas nas experiências pessoas da autora e das pessoas com quem convive. É uma personagem forte, nascida para dar esperança e inspirar outras mulheres.

Qahera também combate a islamofobia, fenômeno que tem aumentado muito em todo o mundo, principalmente após os últimos acontecimentos na França. As mulheres muçulmanas são duplamente vitimadas: pelo fato de serem mulheres e pela sua opção religiosa. Qahera usa um hijab para mostrar que ela não nega sua religião mas que defende maior respeito e melhor tratamento às mulheres.

Confira as aventuras de Qahera, clicando aqui!

FONTES CONSULTADAS

IT'S A Bird...It's A Plane...It's Qahera! Disponível em: http://zip.net/bmqDp0, acesso em 17 de jan. de 2015.

ONU denuncia assédio e violência sexual contra mulheres no Egito. Disponível em: http://zip.net/byqD5V, acesso em 17 de jan. de 2015.

QAHERA. Disponível em: http://qaherathesuperhero.com/, acesso em 17 de jan. de 2015.




[1] ONU denuncia assédio e violência sexual contra mulheres no Egito. Disponível em: http://zip.net/byqD5V, acesso em 17 de jan. de 2015.



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