quarta-feira, 11 de março de 2015

XXVIII Simpósio Nacional de História - Simpósio Termárico

Entre 27 e 31 de julho, na cidade de Florianópolis, e com organização da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) , conjuntamente com a diretoria da ANPUH, será realizado o XXVIII Simpósio Nacional de História. 

Dentro da programação estão os Simpósios Temáticos (ST). Pela terceira vez consecutiva estará sendo oferecido o ST -História e Quadrinhos: pesquisa e ensino em História e as interações com a nona arte. Inscrições para comunicação até dia 31 de março. Para mais informações, clique aqui!

Segue o resumo do ST, que tem como coordenadora a Dra. Geisa Fernandes, do Observatório de Histórias em Quadrinhos/USP)

Visando dar continuidade ao trabalho realizado nas XXVI e XXVII edições do Simpósio Nacional de História, o ST História e Quadrinhos se propõe a discutir as relações entre História e Histórias em Quadrinhos, enfocando aspectos como: teoria e metodologia das Histórias em Quadrinhos; relações entre cultura, política e ensino; fidelidade histórica, tensão entre ficção e realidade; registro histórico e registro ficcional, entre outros. A proposta compreende os seguintes subtemas:

• Tudo é História (em quadrinhos)? - Registro histórico e ficção
• Documentação em quadrinhos: HQs, fidelidade histórica e memória. Teoria e metodologia para o uso das HQs como fonte primária em História
• História, HQs e Estudos Culturais
• A nova História (em quadrinhos) - HQs e práticas sociais
• HQs e o ensino de História: propostas, usos, experiências
• Os donos da História: HQs e seu papel na história das mídias
• História das Histórias em Quadrinhos: novas abordagens
• “Quem conta um quadro...”: HQs e os novos recursos didáticos para o ensino de História
 
Justificativa
Por quantas histórias em quadrinhos passamos ao longo do dia? Reproduzidas em jornais, revistas, redes sociais, exames vestibulares, manuais de prevenção de acidentes ou elegantes edições de capa dura, os quadrinhos utilizam variados suportes e contextos para falar sobre diversos assuntos a um número cada vez maior de pessoas. A abertura que a academia tem proporcionado à linguagem dos quadrinhos (VERGUEIRO e SANTOS, 2006) trouxe à tona questões para a nova geração de pesquisadores e a necessidade de sobrepor a análise científica à preferência de leitor. A colaboração entre os grupos, porém, ainda é tímida, tornando mais lenta a divulgação de resultados.

As Histórias em Quadrinhos são um bom exemplo da influência das linguagens na formação de saberes históricos. Estes, por sua vez, se dispersam em programas de cultura (SCHMIDT, 2000) diversos que muitas vezes reforçam a separação entre saberes dominantes e saberes periféricos, discursos competentes e linguagens desqualificadas. 

Os saberes dominados (FOUCAULT, 2004) podem ser definidos como: 1) conteúdos históricos que passam despercebidos em coerências funcionais ou em sistematizações formais e 2) série de saberes, previamente “desqualificados como não competentes ou insuficientemente elaborados: saberes ingênuos, hierarquicamente inferiores, saberes abaixo do nível requerido de conhecimento ou de cientificidade.” (FOUCAULT, 2004, p.170).

A expansão e diferenciação dos suportes trazem, por sua vez, novos problemas ao ensino e à pesquisa em História. O uso de Histórias em Quadrinhos em livros didáticos, ou como fonte primária em dissertações ou teses são exemplos das mudanças ocorridas no discurso científico.

Os objetos de análise histórica mudaram, bem como a relação que se pode estabelecer com eles, a ponto de podermos encará-los, se assim o desejarmos, ora com o distanciamento indispensável à crítica, ora com a aproximação necessária para a fruição. 

A boa acolhida ao Simpósio Temático em sua primeira e segunda edições gerou frutos, como a formação de novas parcerias entre pesquisadores, provando a necessidade de espaços de discussão e reflexão sobre o tema. A inclusão das Histórias em Quadrinhos como documentação válida para o entendimento de questões pertinentes à pesquisa e ao ensino de História renova o diálogo entre linguagens e disciplinas acadêmicas, para proveito de ambas.

A proposta se justifica ainda pela necessidade de estabelecer pontes que possibilitem uma maior e mais fecunda troca de informações entre as diversas linhas de pesquisa que existem sobre o tema. Representa, além disso, a oportunidade de vivenciar distintas condições de produção de conhecimento teórico a respeito dos quadrinhos, próprios da metodologia de pesquisa em História. 

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