domingo, 30 de agosto de 2015

A evolução da doença de Alzheimer

Por Luisa Arantes Bahia

No Brasil, existem cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Seis por cento delas sofrem do Mal de Alzheimer, doença incurável acompanhada de graves transtornos às vítimas. Como eu sei disso? Acabei de ler e daqui a 5 minutos não vou ter lembrança alguma de que lhe contei isso. Prazer, meu nome é Leopoldina e eu tenho 161 anos. Pode-se notar que estou dentre as mais de 15 milhões de pessoas maiores de 60 anos que sofrem de Alzheimer. Saiba também que a doença não tem cura! Então, só me resta compartilhar com vocês memórias passadas que, com certeza, estão intactas.

Tenho dois filhos, o primeiro amava as histórias de nossos antepassados. Os primeiros habitantes dessa minha terra foram os índios Purís, “os filhos da terra”, que possuíam uma vasta cultura, mas foram ‘extintos’. A força de trabalho passou a ser feita pelos negros, pode ser inacreditável, mas em 1876 obtivemos a maior população de escravos da província, fato de que não me orgulho. Lembro-me de alguns nomes: Davi, Américo, Vicente, Joaquim, Antônio, Miguel... e um comerciante que vendia escravos, Michel Jackson, que foi morto por seus escravos em uma rebelião... Sim, Michael Jackson, não o rei do pop, mas essa já é outra história.

No início do século XX, ele chegou, meu segundo filho, parecia um astro de cinema, com ideias inovadoras vindas da Inglaterra e, em pouco tempo, fez muito sucesso. Sua presença abriu caminho para a chegada dos automóveis, televisão, estrada de ferro e as modernas construções. O primeiro arranha céu foi o Bazar René, com elevador e tudo; esse foi o marco de transição do “povo da roça” para a “cidade grande”. Meu filho fez parecer que era um enorme presente, poderia até ter considerado como meu aniversário!

O primeiro carro a chegar foi saudado por toda a população com uma garrafa de champanhe, a primeira escada rolante desfilou pelas ruas em uma carreata eufórica...O tempo foi passando e, cada vez mais, fui ficando “moderna”, meus sobrados, que antigamente eram ornados com lindos detalhes arquitetônicos, como beirais, afrescos, sacadas, jardineiras, tão admirados pelo meu primogênito, já não faziam tanto sucesso entre os adeptos das ideias revolucionárias do meu segundo filho.

Mas vocês não devem mais saber o que são essas belezas, já que foram sendo substituídas por caixotes cinzentos de muito mau gosto! Perdoem minha língua ferina, mas a idade me deixa amargurada e a disputa entre os meus dois filhos pioram minha condição de saúde.

Já é perceptível que tenho uma vida como a de Natividade, mãe de Pedro e Paulo, na obra de Machado de Assis. A cada ano, mais eles se distanciam, pois um valoriza a memória e o outro acredita que a natureza e o “velho” atrapalham o desenvolvimento da cidade.

Não posso defender nenhum deles, pois posso acabar causando um briga maior ainda! Às vezes concordo quando meu filho diz que estamos nos desfazendo de nossa história e de nossa memória, e que mais uma vez a história se repete: trocamos as “penas” pelos “espelhos” dos portugueses. Porém, a modernidade tem suas vantagens, trouxe avanços na medicina, tecnologia e meios de comunicação, que tornam nossa vida muito mais fácil. 

Meu segundo filho está cada vez mais popular, é visto como modelo a ser seguido, todos querem tirar uma selfie com ele!

Mas será que é sonhar demais pensar que eles podem conviver juntos?

Com essa minha memória falha, acabei me esquecendo de contar o mais importante! Vocês conhecem os meus filhos! Um, coitado, está em depressão, isolado da sociedade; seu nome é Patrimônio e o outro, nem preciso citar o nome, pois vocês já o conhecem muito bem. Ele está em todas as redes sociais e é notícia em todos os canais de televisão, ele é o tão idolatrado Progresso.

Então, uma grande parcela da população brasileira sofre do Mal de Alzheimer...Será que eu já falei isso?...

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

MINHAS IMPRESSÕES SOBRE AS 3ª JORNADAS INTERNACIONAIS DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS DA USP

Primeira foto em grupo, tirada na terça-feira, dia 18 de agosto.
As 3ª Jornadas Internacionais de Quadrinhos da USP/ECA ocorrem a cada dois anos e são, atualmente, o maior evento acadêmico sobre quadrinhos da América Latina. Eu conheço os organizadores já há alguns anos (Waldomiro Vergueiro, Nobu Chinen e Paulo Ramos) e já sabia do evento. No entanto, nunca me inscrevi porque sempre achei difícil viajar em agosto (sou professora da educação básica em duas escolas e me ausentar durante a semana geralmente é meio complicado).

Mas este ano uma conjunção de fatores colaboraram para que eu participasse. Primeiramente, muitos dos meus amigos da ASPAS iriam participar e me incentivaram a fazer o mesmo. Em segundo lugar, Trina Robbins foi convidada e eu não poderia deixar de estar presente na conferência dela. Em terceiro, a presença da Trina e dos amigos da ASPAS tiveram como resultado um evento paralelo, que eu acabei ficando responsável por organizar. Assim, foi economizar, pedir dispensa na escola e partir rumo ao meu primeiro encontro internacional sobre quadrinhos.

Preparativos para a conferência do Paul Gravett (auditório lotado, gente em pé e sentada no chão e foi assim todos os dias).
Não vou ficar descrevendo cada dia do encontro, mas vou fazer um balanço geral e espero ser justa nas minhas considerações. Pra começar, gostei muito de ter recebido logo de cara TRÊS livros, juntamente com o material que geralmente a gente ganha em eventos assim (caneta, bloco de anotação e bolsa). A ANPUH, no máximo, já me deu uma revista, destas que a gente encontra nas bancas, sobre História.

Achei legal terem aproveitado o espaço de forma que todos se concentraram em apenas um andar. Desta forma, antes das sessões de comunicação, nos intervalos e antes das conferências, todo mundo se encontrava. Montar uma revistaria também foi uma sacada legal. Material de primeira, entre quadrinhos e livros teóricos. Tudo muito fácil de se achar. Não comprei muito, mas comprei coisas de qualidade.

Conferência de Paul Gravett, no dia 18 de agosto de 2015. Ao seu lado Érico Assis, intérprete oficial das Jornadas.
As conferências, todas das quais participei, foram ótimas. A primeira,com Paul Gravett foi excelente. Infelizmente, não pude ficar para a conferência do Ian Gordon (estava exausta), o que me arrependo muito! Só ouvi elogios. A conferência de encerramento com a Trina Robbins foi também muito boa. Ela foi aplaudida de pé. Tivemos até a presença de cartunistas brasileiros, que foram lá pra prestigiá-la. Laerte, por exemplo, deu uma passadinha rápida, para tietar a cartunista.

Aliás, todos os convidados estrangeiros foram muito simpáticos e interagiram com os demais pesquisadores durante todos os dias do evento. Eles conversavam, trocavam ideias e até assistiram nossas apresentações nas mesas de comunicação.

Laerte tietando Trina Robbins - dia 19 de agosto de 2015.
Eu fiquei responsável por coordenar uma mesa, e apresentei uma comunicação também. E quem estava lá assistindo? Trina Robbins. No último dia, depois da conferência de encerramento, eu me vi trocando algumas palavras com Paul Gravett, que se interessou em conhecer minha pesquisa. 

Esse tipo de coisa torna eventos como este muito significativos. A oportunidade de fazer novas amizades, de estabelecer contatos profissionais e conhecer pesquisas inéditas. O legal é ver que pessoas que você não conhece pessoalmente te conhecem pelo que você faz, pelo seu trabalho. Isso é muito bacana, um incentivo que faz a diferença.

Turma da ASPAS, em uma das muitas fotos tiradas durante os 4 dias de Jornadas,
E falando em incentivo, um comentário que Paulo Ramos fez ficou na minha mente. Durante o encontro foram lançados 24 livros teóricos sobre quadrinhos. Gente, é muita coisa, e o ano ainda nem acabou. Se pensarmos bem, foram lançados mais livros em 8 meses do ano de 2015 do que nos últimos oito anos. Para mim isso sinaliza para duas coisas: 1) Estão aumentando as pesquisas sobre quadrinhos; 2) Estamos criando um público leitor que quer saber mais sobre quadrinhos e não apenas ler quadrinhos.

O ambiente, de forma geral, foi harmonioso. Parecia muito mais uma reunião de colegas e amigos do que um encontro acadêmico. Todo mundo sempre rindo e tirando fotos. Sério, acho que não teve uma vez que eu cheguei no corredor e alguém não me puxou para tirar uma foto. 

Enfim, eu gostei muito. Foi cansativo, claro, mas valeu a pena. Se as outras Jornadas foram como esta, eu reconheço que perdi duas ótimas oportunidades de crescimento profissional. Por outro lado, não pretendo mais repetir o erro. Aguardem-me nas 4ª Jornadas Internacionais de Quadrinhos, de 2017.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

ENCONTRO COM TRINA ROBBINS NA GIBITECA HENFIL

Gibiteca Henfil - CCSP
Na manhã do dia 19 de agosto de 2015, a ASPAS recebeu a quadrinista Trina Robbins na Gibiteca Henfil (SP). Isso só foi possível porque a quadrinista e pesquisadora foi convidada para participar das 3ª Jornadas Internacionais de Quadrinhos promovidas pela USP.  

De lá pra cá eu pude acompanhar textos sobre o encontro e até ler entrevistas com feitas com ela, publicados em vários sites (ao final da postagem eu vou indicar os links para quem tiver interesse em ler). De tanto ler o que outras pessoas já escreveram, tenho medo de ser repetitiva, então, vou tentar ser o mais objetiva possível e fazer um balanço geral do evento.

Pra começar, o público que recebemos foi o da melhor qualidade. Atento, interessado e que, ao que parece, ficou satisfeito com o encontro entre a veterana estadunidense com as nossas jovens cartunistas brasileiras. Estas, segundo Trina Robbins, maravilhosas. Palavras dela "Nunca vi tanto talento reunido em um só lugar!"
Trina Robbins, ao centro, cercada de quadrinistas, pesquisadoras e fãs.
O encontro foi, acima de tudo, uma troca de experiências. As convidadas, oito no total, falaram e mostraram seu trabalho para Trina Robbins. Trina Robbins falou sobre sua carreira como quadrinista. Em muitos momentos podíamos perceber várias similaridades entre as histórias de vida narradas. O que todas tinha em comum? A garra, a vontade de vencer os preconceitos e as barreiras impostas às mulheres pelo mercado de trabalho na indústria dos quadrinhos.

A quadrinista e pesquisadora Ana Koehler disse, na ocasião, que nós fizemos História. Eu completei que nós estamos fazendo história, afinal os quadrinhos tem se tornado um espaço de expressão para as mulheres em todo o mundo. E não sou que estou afirmando. Estas foram as palavras de Paul Gravett durante a abertura das 3ª Jornadas Internacionais de Quadrinhos da USP. Há um número cada vez maior de mulheres talentosas conquistando espaço no mercado mundial de HQs. É a História acontecendo e nós, mulheres, deixando nossa marca nela.

A ASPAS sempre teve em mente que quem pesquisa quadrinhos deve estar próximo e quem produz. Isto se mostrou verdade várias vezes. Em 2013 nós, em parceria com o MAC, fizemos uma sessão especial como documentário Malditos Cartunistas, seguida de um bate-papo com alguns dos cartunistas que participaram da produção. Agora, na Gibiteca Henfil, nós tivemos a oportunidade de poder ouvir nove cartunistas falarem não apenas do seu trabalho mas do que significa ser mulher e numa área predominantemente masculina. E foi muito produtivo. 

Acredito que todos aprendemos muito, que muitos de nós saímos de lá cheios de ideias. Esta interlocução, este encontro entre quem produz e quem pesquisa, é um diferencial que nos permite construir pontes e explorar novas perspectivas com relação aos quadrinhos não apenas como objeto de estudo mas como meio de expressão acadêmica.

CONHEÇA ALGUMAS DAS NOSSAS TALENTOSAS QUADRINISTAS


Camila Torrano é quadrinista e ilustradora, apaixonada por Terror/Horror e graduada em Artes Visuais na USP. Trabalhou para diversas publicações impressas, ilustrou livros, lançou alguns quadrinhos em revistas de publicação independente, e trabalhou por um período para a indústria de games. Lançou em 2012 seu primeiro trabalho solo, a história em quadrinhos “A Travessia” (Escrita Fina Edições). Atualmente trabalha como freelance e continua sua produção de quadrinhos e ilustrações autorais dentro do grupo Fictícia.

Cristiane D. Peter tem 31 anos, natural de Porto Alegre, formada em Publicidade e Propaganda. Como colorista de quadrinhos, já trabalhou para grandes editoras como Marvel e DC Comics, entre outros. Foi indicada ao prêmio Eisner em 2012 por seu trabalho no título Casanova. Também participou das Graphic MSP publicadas pela Maurício de Souza Produções Astronauta – Magnetar e Singularidade com arte e roteiro de Danilo Beyruth, editada por Sidney Gusman.

Ana Luiza Goulart Koehler Natural de Porto Alegre (RS), formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Trabalha desde os 16 anos como ilustradora para o mercado editorial impresso e digital. Atualmente dedica-se à produção de histórias em quadrinhos e também à ilustração científica no campo da arqueologia. Entre seus trabalhos destacam-se o ilustrações arqueológicas para exposições no Brasil (“12.000 anos: História e Arqueologia do Rio Grande do Sul”) e Alemanha (“Römermuseum Osterburken”, “Wikinger Museum Haithabu”); os volumes 1 e 2 da BD “Awrah” para as Éditions Daniel Maghen (França) e o tomo 2 da BD “Carthage” para a editora Soleil (França). Atualmente, trabalha na história em quadrinhos autoral “Beco do Rosário”.

Chantal Herskovic começou a publicar quadrinhos e ilustrações no jornal Diário da Tarde e, atualmente, publica a série Juventude no jornal Estado de Minas. Trabalha com ilustrações para revistas e jornais e design gráfico, tendo já publicado revistas com coletâneas de tiras em quadrinhos da série Juventude, além dos livros infanto-juvenis Blog da Cacau e Ai, amigas! Ninguém merece! Já publicou desenhos na Suíça e nos Estados Unidos e participou da exposição Consequências Historieta Brasilenã em Madri e Barcelona. Chantal também foi convidada do Festival de Lille de 2006, na França, e fez parte da exposição Internacional de Cartuns pela liberdade de expressão em Ploiesti, na Romênia. Em 2011 recebeu uma menção honrosa também na Romênia. É doutoranda em Artes Visuais (Escola de Belas Artes - UFMG), Mestre em Artes Visuais (Escola de Belas Artes - UFMG); especialista em Comunicação - novas tecnologias e hipermídia (lato sensu), pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) e bacharel em Design Gráfico na Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Atualmente leciona no curso de Design e de Design Gráfico no Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH, e no curso de Pós-graduação lato sensu Projetos Editoriais Impressos e Multimídia na UNA.

Germana Viana trabalha com letreiramento e design de páginas para editoras como a Panini, a Mythos, a Jambô. Já atuou com o agenciamento de artistas para o mercado norte-americano, auxiliando o Joe Prado na Art&Comics. Entre ao anos de 2005 até 2007 foi colunista e coordenadora do site/blog Azul Calcinha - Cultura Pop para Moças. Em 2013, convidada a participar do  coletivo a Crau da Ilha, só com mulheres. Desta parceria resultou a revista As Periquitas (2014). Em  2014  começou a publicar online as HQs Lizzie Bordello e As Piratas do Espaço, como roteirista e desenhista e  Oceano de Brumas (arte). Lizzie Bordello e as Piratas do Espaço ganhou uma versão impressa, pela editora Jambô, que foi lançada na CCXP de 2014, sendo indicada como finalista do  troféu HQMIX por Publicação de Humor Gráfico e Novo Talento Desenhista. 

Carolina Ito nasceu em Presidente Prudente, em 1992, e atualmente vive em Bauru, onde cursou Jornalismo na Unesp. Em maio de 2014 criou o blog Salsicha em Conserva (salsichaemconserva.wordpress.com) para publicar tirinhas, cartuns e histórias curtas, baseados em reflexões sobre o cotidiano. Após desenvolver pesquisa na área de semiótica das histórias em quadrinhos, durante a graduação, decidiu que podia dar um passo maior, elaborando sua primeira grande reportagem em quadrinhos. "Estilhaço: uma jornada pelo Vale do Jequitinhonha" foi seu trabalho de conclusão de curso e a primeira história extensa. São 60 páginas em que a repórter-narradora-personagem assume suas impressões e reflexões sobre a situação do Jequitinhonha, região ainda tão afetada pela seca, pelo desemprego e falta de vontade política em um dos três Estados mais ricos do Brasil.

Beatriz Lopes é feminista, carioca, 21 anos, estudante de Gravura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Começou a publicar suas primeiras tiras virtuais em 2012, teve seus trabalhos impressos pela primeira vez em 2013, numa revista coletiva (´´Libre!´´) e no mesmo ano imprimiu seu primeiro zine (´´Mofo´´). Nesse mesmo ano criou um grupo chamado ´´Zine XXX´´ que tinha objetivo unir, estimular e lançar trabalhos de quadrinistas mulheres brasileiras. Com a ajuda de financiamento coletivo o projeto foi impresso em 2014. Desde então, já participou de diversas mesas, encontros sobre mulheres em quadrinhos e continua publicando zines.

Gabi Masson é estudante de artes plásticas da Universidade de Brasília (UnB) é a autora dos volumes 1 e 2 de A ética do tesão na pós-modernidade, de tiras no Batata frita murcha e da história em quadrinhos Garota siririca. Os projetos, publicados como zines na internet, tocam um universo ainda desconfortável para boa parte dos leitores, sejam homens, sejam mulheres: nudez, sexismo e erotismo femininos.

Assista o vídeo com a fala de Trina Robbins:

Links com reportagens e entrevistas feitas com Trina Robbins:

* Meus agradecimentos especiais às nossas convidadas, que vieram de outros Estados e toparam participar deste encontro; a Trina Robbins, que com certeza deixou parte do seu legado conosco;  à Gibiteca Henfil e a direção do CCSP por ter nos cedido espaço e nos acolhido de forma tão generosa. Agradeço também a todos que ajudaram na organização, especialmente para Dani Marno e Denise Margonari.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

LANÇAMENTO DE LIVRO - QUADRINHOS E PRÁTICAS EDUCATIVAS

Frente!
A semana que passou foi intensa, em muitos sentidos. Participar das 3ª Jornadas Internacionais de Quadrinhos foi apenas uma das várias coisas que eu fiz nos últimos sete dias. Pretendo narrar todas aqui, ao decorrer da semana. Talvez o relato não venha com tantos detalhes quanto eu gostaria mas é preciso registrar este momento da minha vida que eu, particularmente, considero significativo para mim como pessoa e como profissional.

Para começar, temos os lançamentos de livros, sobre os quais eu já tinha postado anteriormente (clique aqui para conferir). Eu postei 3 livros, mas na verdade foram quatro. Pois é: participei de 4 livros! Quando a ficha caiu eu até assustei (tenho que atualizar meu lattes). 

Um destes livros tem um significado especial. "História em Quadrinhos e Práticas Educativas: os gibis estão na escola, e agora?" foi o primeiro livro para o qual eu fui convidada a participar, há cerca de uns 3 anos atrás.  O convite foi feito pelo saudoso Elydio dos Santos Neto. Ele se foi, mas seu projeto permaneceu, assim como o carinho que todos aqueles que o conheceram guardam pela sua memória. 

Verso!

Eu posso dizer que dele só tenho boas lembranças e uma delas agora vai ter um corpo físico, na forma deste livro. Eu o recebi da sua companheira, e também uma das organizadoras da obra, Marta Regina Paulo da Silva. Foi emocionante. 

Eu poderia falar muito do professor Elydio, mas acho que o que ele gostaria de ouvir é que seu trabalho aqui ainda continua, que ele ainda está presente na forma de projetos como esse. Nessa obra, feita com rigor e contanto com a participação de pessoas dedicadas à educação e defensoras das HQs, eu  vejo um escudo (não encontrei uma palavra melhor)  contra aqueles que, lamentavelmente, ainda se inibem, sentem-se inseguros frente ao que (ainda) não conhecem. Aqui, no caso, o uso dos quadrinhos na sala de aula. 
Foto coletiva com odos os autores na noite de lançamento de livros nas 3ª Jornadas Internacionais de Quadrinhos da USP
Então, se eu lancei 4 livros num evento internacional da USP um deles é mais do que um livro, é a homenagem à um homem que se dedicou ao bem comum a todos nós que apostamos em um ensino mais humano e dinâmico. Obrigada a Marta e Elydio por terem confiado em mim para participar de algo tão fantástico.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

LANÇAMENTO DE LIVROS NAS 3ª JORNADAS INTERNACIONAIS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DA USP

Entre os dias 18 e 21 de agosto estão acontecendo as As Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, na ECA/USP. Durante as Jornadas serão sendo lançado diversos livros sobre quadrinhos. Estarei participando de 3 coletâneas: uma sobre educação, outra sobre religiosidades e a última sobre gênero (veja as imagens acima)m no dia 19 de agosto, das 18:00 às 18:50, no auditório Freitas Nobre. Para saber mais informações sobre os lançamentos, clique aqui!

O evento tem como principal proposta servir de ponto focal para as pesquisas sobre histórias em quadrinhos produzidas em diferentes regiões do país e também no exterior. O congresso acadêmico, ao mesmo tempo em que dá visibilidade a tais estudos, contribui para promover um intercâmbio de conhecimento entre os temas abordados e seus respectivos autores. 

A primeira edição do encontro científico foi realizada entre 23 e 26 de agosto de 2011 na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. A segunda edição ocorreu entre 20 e 23 de agosto de 2013, na mesma universidade.

Para saber mais sobre as Jornadas, clique aqui! 

domingo, 2 de agosto de 2015

VOCÊ É FEMINISTA?


Participando de um Simpósio temático sobre Gênero e Feminismo esta semana, durante o XXVIII Simpósio Nacional de História, em Florianópolis (SC) eu ouvi e me fiz diversas vezes esta pergunta: você é feminista?

Nos últimos oito anos eu tenho desenvolvido um interesse particular por uma História das Mulheres. É algo que aprendi a fazer com prazer. Acredito que seja influência de uma amiga, esta sim feminista assumida, que me apresentou a algumas leituras. Mas não apenas isso. Eu gosto de saber mais sobre as mulheres que vivem ou que viveram entre nós. Elas me inspiram!

Das mais simples às mais famosas. Gosto das memorialistas, gosto das professoras, das pesquisadoras, das artistas de vanguarda, das pioneiras nas lutas pelos direitos da mulher. Repudio a ideia da excepcionalidade destas mulheres, como se elas fossem casos únicos, anomalias numa sociedade dominada pelos homens. Acredito que elas são mulheres que romperam o silêncio imposto pela sociedade e que, como elas, há muitas, obscurecidas pela História escrita pelos homens e para os homens.

Gosto de saber mais sobre a participação feminina porque isso ajuda a construir a minha identidade enquanto indivíduo. E isso foi muito positivo pra mim. Estudar sobre as mulheres, de uma forma geral, não é apenas enriquecedor, mas prazeroso. Parto do princípio de que a pesquisa deve, em primeiro lugar, gerar satisfação.

Na minha trajetória recente eu tenho, como já disse, me dedicado a estudar as diversas formas de participação das mulheres na sociedade. Mas sempre que alguém me perguntava se sou feminista eu respondia que não, que apenas faço História das Mulheres. Eu via o feminismo como um rótulo. Não gosto de rótulos. Mas refletindo sobre o feminismo durante esta semana, ouvido colegas divagarem sobre suas pesquisas e seus objetos de pesquisa eu me abri para outras perspectivas acerca do feminismo. Enxerguei nele uma pluralidade que antes eu não via e o que é plural não pode ser reduzido a um simples rótulo.

Então, acredito que eu seja feminista. Que tipo de feminista eu sou? Ainda não sei, ainda preciso descobrir. Mas acredito que estou participando de  uma  ação transformadora a partir da minha História de Mulheres e ela faz e mim uma feminista.


ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O SIMPÓSIO NACIONAL DA ANPUH

Centro de Cultura e Eventos da UFSC
Esta semana tivemos o XXVIII Simpósio Nacional de História, realizado na UFSC, em Florianópolis, organizado pela ANPUH. Eu participei de quase todas as atividades (e ainda sobrou um tempinho para relaxar).  Gosto dos encontros realizados na UFSC. Eu acho que a universidade tem uma boa estrutura e consegue, apesar do tamanho, reunir milhares de historiadores em locais específicos, como o Centro de Cultura e Eventos, onde aconteceram conferências e ficaram instaladas as livrarias.

Algumas coisas mudaram. Por exemplo, geralmente a abertura era realizada no domingo à noite, desta vez foi na segunda-feira. Eu achei estranha, também, a forma como a programação foi distribuída, ainda mais a concentração de Simpósios Temáticos (ST) na sexta. Mas acho teve sua lógica, pois permitiu que mais pessoas pudessem participar das reuniões dos GTs. Outra coisa que estranhei foi trocar o termo "mesa-redonda" por "diálogos contemporâneos". Continuou sendo mesa-redonda, mas com um nome diferente.


Mas nem tudo é perfeito. Não tenho escondido de ninguém meu desânimo com relação à ANPUH (Associação de Nacional de História), à qual sou associada desde 1994.  Acho que ela tem se distanciado muitos professores de História da educação básica. Muitos não são filiados por duas razões: ou não conhecem a ANPUH ou a consideram espaço apenas para professores universitários.

Por exemplo, no grupo do qual participei, apenas eu não estava diretamente ligada a algum programa de pesquisa em pós-graduação. Sinto falta da experiência do professor, a partir da sua vivência, sendo compartilhada. Imagino que eu os encontraria em STs sobre ensino de História, mas estes foram uma minúscula porcentagem dentro da miríade de temas que foram debatidos em 108 salas!

Eu acho isso uma pena, porque a educação básica é transformadora. É dali que vão sair futuros historiadores e leitores de livros de História.

Este é outro ponto, a leitura. Acho que a ANPUH deveria investir em um público leitor de História (se este investimento existe, eu desconheço) e os historiares devem parar de escrever apenas para seus pares. O conhecimento produzido na academia não deve ficar confinado à academia. Veja o sucesso que fazem livros de História que são escritos por jornalistas! Oras, não teriam que ser os Historiadores a escreverem sobre a História para o público geral? 

Um exemplo de como a História pode ganhar os mais diversos espaços e leitores são os livros da Mary Del Priore. Vendidos aos milhares, estão em todas as livrarias e lidos por um público eclético. São frutos de toda uma vida destinada à pesquisa. Não seguem o formato do livro acadêmico, possuem uma linguagem menos rebuscada e nem por isso são menos valiosos. Ao contrário! 

Mas apesar destas ressalvas, temos lá a parte boa, que foram os STs. A cada encontro eles têm ficado melhores e permitindo uma troca de conhecimentos enorme.
ST "Gênero, feminismos e identidades: novos luares e desafios"
Eu participei do ST "Gênero, feminismos e identidades: novos luares e desafios", coordenado pelas professoras Lídia Maria Vianna Possas e Alcileide Cabral do Nascimento e gostei muito. Não houve, em minha opinião, nenhuma apresentação que não tenha acrescentado alguma coisa a todos que estavam presentes. Sem dúvida, foram três dias produtivos e poderiam até ter sido mais.

Gostei muito da diversidade. Muitos trabalhos interessantíssimos, realizados por pesquisadores e pesquisadoras de norte a sul do Brasil e todos, de alguma forma, dialogavam entre si. 

Ah, e não podemos esquecer dos livros! Comprei muitos, mais do que eu poderia, menos do que eu gostaria, e ganhei outros. Ganhar livro é sempre bom, ainda mais sobre temas que a gente gosta.

Em resumo, foi uma semana muito proveitosa. Muitos contatos, muita informação e mais ânimo para encarar o final das férias, que já está batendo na minha porta.


sábado, 1 de agosto de 2015

ENCONTRO COM A CARTUNISTA NORTE-AMERICANA TRINA ROBBINS


No dia 19 de agosto, uma quarta feita, das 10:30 às 12:30 acontecerá um encontro inédito no Brasil: a quadrinista e historiadora dos quadrinhos Trina Robbins estará na Gibiteca Henfil recebendo interessados e convidados para falar sobre mulheres nos quadrinhos.

Será um encontro intimista com convidados que se interessam pelos trabalhos de Trina Robbins na área dos quadrinhos e, também, pelo seu engajamento nos trabalhos realizados pelas mulheres no universo das HQ’s. 

Trina Robbins, para quem não conhece é desenhista premiada, com uma longa carreira promovendo o trabalho das mulheres nos quadrinhos, criou o visual de Vampirella e foi a artista da minissérie The Legend of Wonder Woman. É autora dos livros Women and the Comics, A Century of Women Cartoonists, The Great Women Superheroes, entre outros.

O encontro é resultado de uma parceria entre a ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial) e o CCSP (Centro Cultural São Paulo, órgão da Prefeitura de São Paulo). Trina Robbins estará em São Paulo para as III Jornadas Internacionais de Quadrinhos, realizadas pela USP, o que permitiu a organização do evento, a ser realizado na Gibiteca Henfil. 

As inscrições são gratuitas e poderão ser realizadas entre dos dias 3 a 14 de agosto, enviar e-mail para gibiteca@prefeitura.sp.gov.br com nome, endereço e telefone. A seleção será por ordem de recebimento de e-mail.

A lista dos selecionados será divulgada no site do CCSP (http://www.centrocultural.sp.gov.br/programacao_debates_e_palestras_2.html) no dia 17 de agosto.