quarta-feira, 20 de julho de 2016

ESCOLA DEMOCRÁTICA VERSUS ESCOLA SEM PARTIDO


Vou aproveitar a chamada para o debate a ser promovido pelo GT de Ensino de História para deixar claro meu posicionamento. O projeto de lei Escola sem Partido é um dos maiores absurdos que eu já tive o desprazer de presenciar. Gostaria de saber que história é essa de fim da doutrinação ideológica nas escolas. Até onde eu sei não existe tal coisa. Eu dou aula de História há 22 anos e eu tenho alunos e ex-alunos que concordam comigo e discordam de mim em vários assuntos. Cada um tem a sua cabeça, cada um sabe chegar às suas próprias conclusões. Isto se chama aprendizagem, construção do conhecimento.

E é isso que a escola ensina, ela ensina a ter pensamento crítico. A tal doutrinação à qual muita gente desinformada se refere parece uma lavagem cerebral em larga escala que eu não sei onde acontece, mas na escola é que não é. Não produzimos fanáticos, produzimos cidadãos. Se eles vão ser esquerdistas, se vão virar políticos que lançam projetos que querem acabar com a liberdade de pensamento pra transformar a população em gado de manobra, eu não tenho nada a ver com isso!

Explica para mim: como eu vou ensinar História sem falar de conflito, de guerra, de revolução? Sou de esquerda por que digo que na pré-história havia posse coletiva dos bens? Como vou falar de Guerra de Canudos sem levantar questões político-sociais? Vou ser criminosa por fazer meu trabalho?

Acabem de uma vez com as Faculdades de História e Filosofia, Sociologia, já que é para acabar com o ensino crítico. Eni Orlandi já afirmava: não existe discurso sem ideologia. Oras, e o que há de errado nisso?  Quantas ideologias essa gente acha que existem? Meia dúzia? Será que eles se acham seres sem ideologia? Tá de brincadeira comigo? Isso não existe!

Logo que tudo isso começou veio-me a mente a máxima iluminista (Iluministas não eram socialistas, socialismo nem existia naquela época) que dizia, em miúdos, que a razão era a única forma de se chegar ao conhecimento e que a ignorância era responsável pelo atraso da humanidade.

Pois bem, rogo pela vitória da razão contra a ignorância que está tomando conta deste país. Sei que ninguém está satisfeito com boa parte dos políticos que se apoderam desta nação, mas a Escola Sem Partido está mais para facilitar o trabalho deles do que para dar jeito nessa bagunça que nosso país se tornou.


segunda-feira, 18 de julho de 2016

XXV Concurso Nacional de Poesias Augusto dos Anjos - Edital


Já está disponível o edital do  XXV Concurso Nacional de  Poesias  Augusto dos Anjos, cujas inscrições vão de 08 de agosto a 02 de setembro de 2016. O Concurso  dos Anjos é um dos mais importantes da área e vem crescendo a cada ano, com um numero cada vez maior de participantes do Brasil e do exterior.

O edital está disponível no site da Academia Leopoldinense de Letras e Artes e pode ser acessado clicando aqui!


quarta-feira, 13 de julho de 2016

LANÇAMENTO: "QUADRINHOS & EDUCAÇÃO" – FANZINES, ESPAÇOS E USOS PEDAGÓGICOS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS


Está sendo lançado durante a II Jornada Temática de Histórias em Quadrinhos na UNIFES, de Guarulhos (SP), o terceiro volume de Quadrinhos e Educação, série organizada por Amaro Braga e Thiago Modenesi, que traz artigos de vários pesquisadores, muitos deles, inclusive, membros da ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial) da qual faço parte.

O livro está dividido em três partes. A primeira traz artigos sobre o uso dos fanzines como recurso pedagógico. A segunda parte fala dos quadrinhos e espaços como gibitecas, ressaltando seu uso pedagógico. A parte final traz indicações de como se trabalhar com quadrinhos em sala de aula. Estou participando com um artigo sobre gibitecas, a convite da colega aspiana Dani Marino.

Confira!

PARTE 1: QUADRINHOS, FANZINES E PROPOSTAS PEDAGÓGICAS

Os Fanzines como recurso didático no contexto universitário da baixada fluminense: narrativas e representações dos bairros  - Clézio dos Santosár

Os saberes na formação docente: a produção de Fanzines no curso de licenciatura em química - Marcio Roberto da Silva Garcia

Quadrinhos e Fanzines no ensino de ciências e saúde no Brasil: mapeamento e caracterização das publicações e metodologias - Danielle Barros Silva Fortuna/Paulo Roberto Vasconcellos-Silva/ Tania Cremonini de Araújo-Jorge

PARTE 2: QUADRINHOS E SEUS ESPAÇOS PEDAGÓGICOS

Gibitecas como espaços de formação de leitor e exercício da cidadania - Daniela dos Santos Domingues Marino/Natania Aparecida da Silva Nogueira

Educação nas Histórias em Quadrinhos de super-heróis: a percepção dos leitores - Fábio da Silva Paiva/Thiago Vasconcellos Modenesi

As Histórias em Quadrinhos na educação infantil como ferramenta de aprendizagem - Rosa Alicia Nonone Casella/Thiago Vasconcellos Modenesi

BLOCO 3: QUADRINHOS E SEUS USOS POTENCIAIS NA SALA DE AULA

Avenida Paulista: educação em forma de quadrinhos - Ranieri Lima Dib

Personificação de estereótipos em Hetalia: Axis Powers e o ensino de História Geral no Brasil - Janaina Freitas Silva de Araújo/Amaro Xavier Braga Jr 

O HUMOR DAS TIRAS-EM-QUADRINHOS NA EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE SEXUAL - Amaro Xavier Braga Jr/Denise Maria Margonari

Tintin no Congo e a lei 10.639: conflitos e acordos para aplicação em sala de aula - Savio Queiroz Lima

O livro é indicado para professores de todos os níveis e complementa o belo trabalho que vem sendo feito pelos organizadores da coleção nos últimos dois anos, oferecendo aos profissionais do ensino ferramentas para utilizar das mais variadas formas as Histórias em Quadrinhos nas salas de aula.


domingo, 10 de julho de 2016

XXIX SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA


CRONOGRAMA

15/08/2016: Data prevista para inauguração do site do SNH 2017.

14/10/2016: encerramento do prazo para inscrição de propostas de Minicursos e Simpósios Temáticos. Os Simpósios Temáticos podem ter até dois coordenadores, mas somente um será financiado pela ANPUH;

16/11/2016: divulgação do resultado das avaliações das propostas de Simpósios Temáticos e Minicursos;

06/03/2017: prazo final para inscrição de apresentação de trabalhos nos Simpósios Temáticos;

07/03/2017 a 07/04/2017: avaliação das propostas para apresentação nos Simpósios Temáticos;

11/04/2017: divulgação do resultado das avaliações dos trabalhos a serem apresentados nos Simpósios Temáticos;

14/07/2017: prazo final para inscrição nos Minicursos.

terça-feira, 5 de julho de 2016

OS QUADRINHOS, AS GIBITECAS E O ESTÍMULO À APRENDIZAGEM


Release: O Colégio Imaculada Conceição em parceria com a Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial estará oferecendo no dia 06 de julho de 2016, quarta-feira, a palestra “Os quadrinhos, as gibitecas e o estímulo à aprendizagem”, proferida pela professa Natania A Silva Nogueira. O Objetivo da palestra é apresentar as possibilidades de uso das Histórias em Quadrinhos na escola, da Educação Infantil ao Ensino Médio. Apresenta, também, os benefícios das gibitecas escolares assim como orientações para sua instalação e uso. O evento terá início às 16 horas e estará aberto a professores de outras instituições e para estudantes de graduação. Os participantes receberão certificação.

domingo, 3 de julho de 2016

ORESTES ACQUARONE FILHO E O JORNALISMO ESPORTIVO EM QUADRINHOS

Cartum de Orestes Acquarone Filho. 
O jornal. Rio de Janeiro,  30 de junho de 1928 p 01 n. 2941. Disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
O Jornalismo em Quadrinhos (JQ) é considerado um gênero hibrido, surgido no final do século XX, sendo apontado como seu criador o jornalista e quadrinista maltês Joe Sacco. No entanto, anos antes, em 1988 a quadrinista Joyce Brabner lançou um livro–reportagem em quadrinhos chamado Brought to Light[1]. É provável que outros quadrinistas/jornalistas tenham feito o mesmo, mas, como o termo Jornalismo em Quadrinhos não havia sido ainda cunhado sua obra não foi assim classificada. 

No Brasil, por exemplo, Hilde Weber já fazia, ainda nos anos de 1940, uma forma de jornalismo político em através de suas charges. Bem antes disso Angelo Agostini utilizada dos quadrinhos como um recurso para ilustrar situações ocorridas no cotidiano. Elydio dos Santos e Deise Cavignato citam, por exemplo, o caso de um acidente ferroviário em São Paulo, ocorrido em 1885, onde Agostini ilustra a queda do trem, mas, também, o socorro aos feridos[2]. Na obra de Agostini ainda podemos encontrar quadrinhos que denunciam problemas como os incêndios no Rio de Janeiro e a falta de abastecimento de gêneros alimentícios na cidade. 

Estas podem ser consideradas formas de JQ, que antecedem a obra de Joe Sacco. O quadrinista maltês pode não ter sido o primeiro a utilizar o recurso do JB mas criou o gênero, ou pelo menos deu nome a ele. O que não tira claro, o mérito do autor.

Mas o JQ têm facetas que talvez sejam desconhecidas pelo público geral e mesmo por alguns pesquisadores da área. Uma delas é o Jornalismo Esportivo em Quadrinhos. Não sei se o termo existe (não encontrei referência a ele), mas acredito que, se existe, pode ser creditado ao cartunista Orestes Acquarone Filho.

Ilustração de Orestes Acquarone Filho. 
O jornal. Rio e Janeiro,  25 de abril de 1928 p 09 n. 2882. Disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Filho do escultor e desenhista uruguaio Orestes Acquarone, Acquarone Filho foi figura constante na imprensa brasileira a partir dos anos de 1920. Junto com o pai, mudou-se para o Brasil em 1922. Há muito pouco sobre o artista apesar dele ser listado entre pintores e cartunistas que figuraram entre a intelectualidade carioca até final da década de 1950. Não há nada sobre ele na Enciclopédia dos Quadrinhos, de Hiron Cardoso Goidanich e André Kleinert ou mesmo um verbete na História da Caricatura, de Herman Lima. Acquarone Filho é um esquecido pela História dos Quadrinhos no Brasil.

Mas este ilustre desconhecido pode ter sua obra encontrada em periódicos que estão disponíveis na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Visitando estes jornais eu encontrei os quadrinhos que acima chamei de Jornalismo Esportivo em Quadrinhos. Em uma série de reportagens veiculas pelo periódico “O Jornal”, entre maio e julho de 1928. Orestes Acquarone comenta jogos de futebol ocorridos no Rio de Janeiro por meio de imagens sequenciadas que narram os seus melhores momentos usando o recurso dos quadrinhos.

Acquarone, ao que parece, era um amante do futebol e talvez possa ser a ele creditado o pioneirismo nesta modalidade de quadrinhos.

Outros também também transformaram o esporte, especialmente o futebol, no tema de suas ilustrações. Na década de 1950, o quadrinista e chargista alagoano Manoel Messias de Mello (de 1904 - 1994), destacou-se com suas charges esportivas publicadas em A Gazeta. Suas charges eram bem humoradas e faziam narrativas divertidas sobre jogos de futebol. O Quadrinista também criou mascotes para alguns dos principais times de futebol da época, como a Macaca da Ponte Preta, da Baleia do Santos e outros mais.[3]

Henfil - Imagem disponível em: http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/22422-70-anos-de-henfil, acesso em 03 jul. 2016
Outro cartunista que se dedicou seu traço ao futebol de forma cômica foi Henfil (1944-88). O livro "Urubu", lançado em junho de 2007, resgatou suas charges sobre futebol. O livro traz uma crônica do futebol carioca do final dos anos 70 e início dos anos 80. Henfil usa a imprensa ilustrada como forma de denunciar e criticar o futebol. Suas charges não são apenas divertidas, mas, como toda charge, representa uma crítica rasgada a situações que envolvem desde arbitrariedade a violência. 

Este tipo de material mostra como era fluida a linha que entre jornalismo e quadrinhos. Mas a narrativa em forma de quadrinhos da forma como Orestes Acquarone Filho o fazia poder ser considerada precursora ou mesmo introdutora de um novo tipo de jornalismo especializado. Deixo a outros especialistas da área concordarem ou contestarem desta afirmação, mas creio que, pelo fato de Acquarone inovar na arte sequencial merece, pelo menos, um verbete em seu nome.




[1] SILVA, Vinícius Pedreira Barbosa da. As Histórias em Quadrinhos como Gênero Jornalístico Híbrido: o Jornalismo em Quadrinhos. Anais do Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXV  Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Fortaleza, CE)– 2012, p.02.
[2]SANTOS, Roberto Elysio, CAVIGNATO, Daise.  A renovação da linguagem jornalística em quadrinhos. Revista Estudos de Comunicação. Curitiba, vol. 14, n. 34, p. 212.
[3] Messias de Mello. Disponível em: http://zip.net/bmtnJ9, acesso em 03 de jul. 2016.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

PRORROGADAS AS INSCRIÇÕES PARA O III FÓRUM DE PESQUISADORES EM ARTE SEQUENCIAL


As inscrições para o III Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial foram prorrogadas até dia 07 de julho. Para quem ainda não decidiu ou não teve tempo para se inscrever, ainda há mais uma chance!

O III FNPAS irá reunir pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que se dedicam a estudos sobre quadrinhos e  outras formas de arte sequencial. São pesquisadores que usam, em grande parte, da interdisciplinaridade e transformam as HQs em objetos e fontes de pesquisa em História, Teologia, Sociologia, Geografia, Matemática, etc. Eles irão se reunir por 3 dias, apresentar suas pesquisas e interagir com estudantes e outros pesquisadores.

É uma ótima oportunidade para se trocar experiências de pesquisa e conhecer um pouco mais do trabalho enovador de vários pesquisadores, cuja obra já vem sendo reconhecida pelo seu teor e sua seriedade em vários centros acadêmicos do Brasil e do exterior.

Segue uma pequena vídeo chamada que eu fiz para a organização do III FNPAS:

O FNPAS é uma iniciativa da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS).