quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ANGOULÊME ESTÁ FAZENDO AS PAZES COM AS MULHERES?

Quem não se lembra da polêmica surgida em torno do Festival Internacional de Angoulême, ano passado, quando as mulheres foram praticamente expurgadas do processo de seleção para o Grand Prix?*  O assunto ganhou o mundo, principalmente após a organização declarar, em nota oficial, que não podia mudar a "História" das Histórias em Quadrinhos, marcada pela ausência das mulheres, ou pelo seu número reduzido.

Durante todo o ano de 2016 muitas foram as vozes, entre homens e mulheres, que se levantaram contra estes argumentos. Ao que parece eles foram ouvidos. O Festival percebeu que a História pode mudar, sim. A prova disso é o maior destaque dado às mulheres que fazem quadrinhos no Festival  de 2017. 

Na lista de indicados da seleção oficial, de onde saem vários prêmio, inclusive o de melhor álbum, aparecem, por exemplo, nomes como o de  Brigitte Findakly, Anne-Caroline Pandolfo, Kelly Sue Deconnick, Fiona Staples e Sophie Guerrive. Não apenas na lista de indicados como, também, em exposições e homenagens. Por exemplo, entre os 11 autores homenageados no "Espace le Monde des Bulles" (Espaço o Mundo dos Balões) estão  nomes como Marguerite Abouet e Pénélope Bagieu.

Ao que tudo indica, o Festival de 2017 está acolhendo melhor as mulheres. Porque elas sempre estiveram lá e, justiça seja feita, foram premiadas em diversas categorias, embora o Grand Prix ainda seja uma espaço dominado pelos homens. Não se trata aqui de contabilizar quantas mulheres participaram ou foram premiadas pelo festival em seu todo, mas do reconhecimento do valor destas mulheres, tão competentes quanto seus pares masculinos, caso contrário não seriam indicadas para nada. Esta talvez seja a palavra que resume tudo o que se debateu discutiu em 2016: reconhecimento.




O que se reivindica é justamente isso: o reconhecimento tanto pelo talento quando pela constante luta feminina em marcar conquistar espaço profissional. Não se trata de uma disputa homens e mulheres, mas de condições justas de se conquistar reconhecimento como profissional, independentemente do gênero. Por mais que se premie mulheres em festivais como Angoulême, fica a sensação de que ainda há uma barreira invisível que separa homens e mulheres. A sensação que a organização do Festival de 2017 passa é de que há um real esforço em se quebrar  esta barreira.

Por um longo tempo as mulheres foram colocadas à margem da indústria dos quadrinhos. Não são muitas as editoras, pelo menos na França, que publicam material feito por mulheres. Mesmo dentro do movimento underground, que a princípio deveria acolher aqueles que não se encaixavam dentro dos modelos impostos pelas grandes editoras, sempre foi difícil para as quadrinistas conquistarem seu espaço.

É verdade que esta realidade muda e país para país. Países como a Suécia, por exemplo, têm acolhido um número cada vez maior de mulheres quadrinistas. Por outro lado, França, Bélgica e Estados Unidos são modelos para o resto do mundo e, em mais de um século da indústria dos quadrinhos, a presença feminina no quadrinhos, nestes países, foi marcada por avanços e retrocessos. 

Cabe ao século XXI tentar romper as barreiras de gênero que e mudar esta História. Afinal, como os organizadores do Festival estão aprendendo, a História muda sim, até porque os agentes da mudança somos nós.

*Quem tiver interesse fiz uma postagem sobre o assunto, início do ano. Clique aqui para conferir.

Para saber mais sobre os álbuns indicados este ano, eu aconselho consultar os apontamentos do Pedro Bouça, com comentários sobre cada obra, clicando aqui!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O QUE EU ACHEI DE 2016, SEM MEIAS PALAVRAS

Pensei em um monte de imagens para colocar aqui, mas Carrie Fisher se destacou. A morte dela me marcou muito. Tudo bem, eu não a conheci, mas a personagem que ela encarnou nos anos de 1970 foi por muito tempo o padrão feminino que eu almejei: uma princesa que não precisava ser salva. Um ícone da minha infância que 2016 tirou de mim. Há um certo simbolismo aqui.
É muito comum a gente chegar final de um ano ansiando pelo começo de outro, mas o ano de 2016 foi excepcionalmente tenso. Do pior para o melhor, tudo aconteceu. Ano em que perdi ídolos que ainda tinham muito a oferecer ao mundo. Pessoas queridas faleceram e pessoas que eu admirava deixei de admirar. Sabe quando você procura algo bom numa pessoa e não consegue achar nada, onde antes havia tanta coisa? É uma sensação tão ruim, não recomendo. 

Por outro lado, pessoas maravilhosas entraram na minha vida ou se tornaram mais presentes. Assim, para cada pessoa que me decepcionou acho que encontrei pelo menos mais duas que me fizeram sentir melhor comigo mesma.

Se por um lado vieram tantas notícias ruins, como aumento da violência, das guerras, das bandalheiras políticas difíceis de engolir, por outro lado foi um ano bom para mim no ambiente de trabalho. Reforcei relações de amizade com colegas de trabalho, com alunos e pais de alunos. Diria que tive em 2016 o melhor ambiente de trabalho da última década e os alunos mais carinhosos, também. Pena que me despedi da maioria deles. Mas acredito que eles não vão sair da minha vida, ainda.

Mas meu lado pesquisadora deixou muito a desejar. Escrevi pouco e protelei meu ingresso no doutorado. Tive um bloqueio criativo, por assim dizer. Talvez porque eu estivesse envolvida em problemas pessoais desastrosos, mas que foram se solucionando no decorrer do ano.   Mas o ano de 2016 também foi um ano de autoconhecimento, de reconhecimento dos meus limites, de ampliação dos meus horizontes.

Mas para chegar a isso passei por momentos ruins. Por ter sido um ano de provações, foi um ano de fortalecimento, tanto dos meus ideais quanto da minha identidade pessoal. Acho que eu não reconheceria hoje a mulher que eu era no dia primeiro de janeiro de 2016 e creio que muita gente não me reconheceria, também.

Enfim, que parta 2016 e venha 2017. Não acho que 2017 vai ser um ano fácil, mas acho que o ano de 2016 serviu para nos preparar para o que vem por aí. Podem ser coisas boas, mas certamente teremos também muitas coisas ruins. Resta encarar de cabeça erguida, não aceitar a injustiça e afastar de nós pessoas que apenas querem se aproveitar da nossa boa vontade. Dito isso, desejo que o ano de 2017 seja um ano tolerável, de tolerância e de união, porque se não for assim não vamos nunca nos despedir de 2016.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A CIDADE DE LEOPOLDINA É CITADA NO FILME "NOTÓRIUS" DE ALFRED HITCHCOK (1946)


Imagem disponível em: https://gointothestory.blcklst.com/classic-40s-movie-notorious-30c7db34d35f#.769tszua6, acessp em 26 dez. 2016.
O filme Notorious, que no Brasil recebeu o título de Interlúdio, foi lançado em 1946, que recebeu duas indicações ao Oscar, e que foi dirigido por Alfred Hitchcock, tendo no elenco ninguém menos que Ingrid Bergman e Cary Grant. É um filme de suspense e espionagem que envolve um perigoso triângulo amoroso. 

Na trama, Devlin (Cary Grant) recruta Alicia Huberman (Ingrid Bergman), a filha americana de um criminoso de guerra alemão condenado, como um espiã. O objetivo era levar à justiça criminosos de guerra ligados a seu pai. Ela aceita e acaba se casando com um deles, enquanto secretamente alimenta uma forte paixão pelo seu contato com o governo estadunidense. A trama se desenvolve no Brasil. 

Mas o período pós-guerra é, também, o momento em que afloram as rivalidades entre Estados Unidos e União Soviética e um tema abordado no filme despertou o interesse do governo dos Estados Unidos: a menção ao uso do urânio na fabricação de bombas nucleares. 

Acontece que naquela época poucas pessoas sabiam disso, já que era considerado um segredo militar. Por essa razão os envolvidos no filme teriam sido investigados pelo FBI, segundo o próprio Hitchcock. 

O que torna o filme interessante para nós é que, em determinado momento, a atriz refere-se a Leopoldina (MG). Pois é, nossa Leopoldina , ao que parece, acabou entrando na lista do FBI, que suspeitou que aqui houvesse uma reserva de urânio. Mas esclareço que isso é especulação. Não existem dados que comprovem esta informação. Imagino, que o FBI não deve sair por aí divulgando dados de investigações.

Mas se levarmos em conta o contexto geopolítico do final dos anos de 1940 e a emergência da Guerra Fria, é uma hipótese que não pode ser totalmente descarada. Desde que os Estados Unidos deram largada na corrida armamentista, com as bombas atômicas usadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, um ano antes do filme estrear, via-se o inimigo em todos os cantos. 

Veja a transcrição e assista a cena, curtinha, que tornou levou o nome de Leopoldina para as telas de Hollywood.

A cena acontece quase no final do filme (aproximadamente 01:27), em um diálogo entre Alice (Ingrid Bergman) e um amigo. Segue o diálogo:

- O que a Alicia precisa é de descanso, não de montanhismo. 
- Já ouvi falar das montanhas. 
- Já? Sério? 
- Sim. Sobre as lindas cidadezinhas locais. Diga-me, vai para Leopoldina?






Título no Brasil: Interlúdio
Título Original: Notorious
País de Origem: EUA
Gênero: Suspense
Ano de Lançamento: 1946
Direção: Alfred Hitchcock

Fontes:

Interlúdio.disponível em: http://www.planocritico.com/critica-interludio/, acesso em 26 dez. 2016.

Classic 40s Movie: “Notorious”. Disponível em: https://gointothestory.blcklst.com/classic-40s-movie-notorious-30c7db34d35f#.769tszua6, acesso em: 26 dez. 2016.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

RESENHANDO "MÔNICA - A FORÇA", DE BIANCA PINHEIRO

No meu primeiro dia de férias eu acordei inspirada para fazer duas coisas que eu gosto muito: ler e escrever. Então, escolhi para ler esta manhã algo que eu tenho negligenciado: minhas Histórias em Quadrinhos. Comecei com uma muito singela, embora o título possa dar a entender o contrário. Peguei no topo da minha pilha a Graphic MSP criada por Bianca Pinheiro, Mônica – A Força.

Por tudo que eu conheço do trabalho da Bianca, a leitura foi exatamente o que eu esperava. Uma HQ sensível, que trata de um tema delicado: as relações em família. Mônica aparece não como a garota valentona do bairro do Limoeiro, mas como uma menina que participa de um drama familiar e que encontra força trazer harmonia e paz para dentro da sua casa.


Como sempre digo ser uma pesquisadora não me torna uma pessoa propriamente adequada para analisar graficamente uma História em Quadrinhos. Como todo(a) leitor(a), eu me deixo levar pelas sensações que a arte o texto me transmitem. Como leitora eu dialogo com a obra. Mas alguns recursos gráficos chamam atenção e caracterizam a obra de Bianca. 

Ela usa metáforas e brinca com a imaginação. Explora a criatividade infantil de forma a transformá-la em algo quase palpável. Eu diria que seu maior valor é primar pela simplicidade, o que não necessariamente tira da obra sua complexidade, muito pelo contrário.


Acredito que falar mais sobre “Mônica – A Força”  estragaria o prazer de quem ainda não teve a oportunidade de ler esta História em Quadrinhos. Um quadrinho, por sinal, para toda a família e que, acredito, irá despertar fortes emoções.  

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

AS POSTAGENS QUE MAIS SE DESTACARAM EM 2016

Comecei já há alguns anos a postar no final de cada ano uma lista com os post mais visitados no meu blog. É uma forma de me autoavaliar. Sabendo o que as pessoas mais leem eu reflito sobre o que eu escrevo. O que estou acertado, por assim dizer.

 

Este ano eu tive duas surpresas. Primeiro pelo número de visitas que cada postagem teve. Postagens anteriores a julho tiveram uma média de 200 visualizações. As que foram feitas a partir daquele mês pularam para 400 visualizações (média). Eu realmente não sei explicar esta mudança tão súbita. Por que meu blog ficou tão popular?

 

As postagens mais visitadas são justamente aquelas relacionadas às duas temáticas que eu mais trabalho: quadrinhos e educação. Além delas, as postagens onde relato alguma experiência ou que tratam de assuntos ligados à Academia Leopoldinense de Letras  Artes de Leopoldina.

 

Vejam as minhas TOP 10 de 2016 e me ajudem a descobrir onde estou acertando.

 

1. POSSE DOS MEMBROS DA ACADEMIA JOVEM DE LETRAS E ARTES DE LEOPOLDINA – 1073 visualizações

 

2. MINHAS IMPRESSÕES SOBRE OS JOGOS PARALÍMPICOS -  961 visualizações

 

3. POR QUE EU AINDA QUERO SER PROFESSORA? -  920 visualizações

     POKÉMON GO: PROBLEMA OU SOLUÇÃO920 visualizações

 

4. ANITA GARIBALDI: A REPRESENTAÇÃO HEROICA DE UMA BRASILEIRA894 visualizações

 

5. NÃO É SÓ A MULHER MARAVILHA QUE ESTÁ FAZENDO 75 ANOS! -  756 visualizações

 

6. OS 75 ANOS DA MULHER MARAVILHA – 708 visualizações

 

7. SOBRE O III FÓRUM NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTE SEQUENCIAL702 visualizações

    IMPRENSA ALTERNATIVA NA DITADURA - O PASQUIM -  702 visualizações

 

8. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DO ENEM DE 2016 -  701 visualizações


9. CECÍLIA CAPUANA : TALENTO ITALIANO EM AH! NANA! - 684 visualizações


10. ENSINAR É UM PROCESSO AFETIVO - 653 visualizações


 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

SOBRE AMIZADE E ACASO

A carta número X dos Arcanos Maiores do Tarot é a carta a Roda da Fortuna, que significa que a sua sorte está em movimento. Esta carta representa a roda do destino ou da vida, que avança de acordo com os nossos pensamentos e atos.

Outro dia um amigo, que é tarólogo, examinando a data do meu aniversário me disse que a minha carta no Tarot é a "roda da fortuna", que eu sou regida pelo destino. Na hora eu não pensei muito sobre aquilo. 

Mas colocando tudo na balança, pesando as coisas que aconteceram comigo, boas ou ruins, eu acho que talvez a roda da fortuna tenha muito mais a ver comigo do que eu imaginava. Afinal, não temos controle sobre a vida. Ela nos oferece desafios, escolhemos como iremos enfrentá-los ou se iremos enfrentá-los. Ela nos oferece oportunidades, escolhemos se iremos abraçá-las ou não. Ela coloca pessoas nas nossas vidas e essas pessoas deixam suas marcas.

Muitas pessoas tiveram e têm um impacto positivo na minha vida pessoal e profissional. Acho que eu não seria quem eu sou se não fosse por elas. E a lista é grande, muito grande. Tanto que vou me limitar a citar alguns exemplos e espero que todos se identifiquem neles. E, por favor, aqueles que não foram citados, não fiquem com ciúmes! Se eu fosse colocar aqui todas as pessoas que foram e ainda são importantes na minha vida, não seria um post, seria um livro, com muitos capítulos.  

Começando com a Karla. Eu a conheci há 16 anos, durante uma viagem de trabalho ao exterior. Ela se tornou uma grande amiga. Mora no Sul do Brasil, eu no Sudeste. A família dela quase se tornou a minha. Acompanhei de longe suas filhas crescerem, ganhei a amizade do seu marido César (depois de muito doce de leite) e até a confiança do seu cachorro (saudoso Oddy). Nós nos encontramos praticamente a cada dois anos. Ela me apoia e incentiva muito, sempre. 

O mesmo acontece com a Valéria Fernandes, outra amiga querida que está longe.Apesar de sermos muito diferentes, em vários sentidos, eu a tenho como uma irmã. Mas irmãos não são assim? Diferentes? Foi junto com ela que eu montei meu primeiro minicurso e fiz minha primeira apresentação sobre quadrinhos num encontro regional da ANPUH, se não me engano em 2004.

E falando em amor fraternal, não posso deixar de mencionar aqui os amigos Amaro de Iuri. Com eles eu participei da fundação da ASPAS - Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial. Confesso que em alguns momentos eu quero matá-los! São tranquilos demais! Mas já percebi que só vou matá-los de rir, porque acham graça quando eu fico brava, ao invés de se sentirem intimidados. Uns abusados!

E tem ainda o amigo e mentor Abdeljalil Akkari. Quando eu o conheci, em 1994, ele não falava uma só palavra em português. Isso não impediu que construíssemos uma relação de amizade e trabalho que já dura mais de vinte anos. Aliás, foi ele quem me colocou na direção da pesquisa. Foi o Jalil que me proporcionou a oportunidade de ter textos publicados em revistas acadêmicas importantes, quando eu tinha nada mais do que uma especialização. Ele me apresentou novas perspectivas e me transformou numa professora pesquisadora.

O destino, por vezes, me colocou em certas situações das quais eu pude tirar um grande proveito. O mestrado foi uma delas. Quando Rodrigo Fialho me disse que haveria uma seleção de mestrado, na UNIVERSO, ele tomou pra si a missão de me convencer a me inscrever. Acabei passando na seleção, fiz novas amizades, até fora do Brasil, tive uma orientadora maravilhosa que se tornou minha amiga e escrevi uma dissertação sobre um tema que eu amo. Foram dois anos maravilhosos.

E voltando mais no tempo, vamos falar de quando eu resolvi montar uma gibiteca numa saleta da escola. Tudo aconteceu de uma forma tão espontânea. Os alunos ajudaram, a diretora (na época a Ana) autorizou. Reuni pela primeira vez, em 2007 um grupo de pessoas para fazer um seminário sobre quadrinhos para professores do CEFET. Dali surgiram grandes amizades. Depois daquele seminário vieram outros, o grupo foi crescendo. Passamos para encontros acadêmicos, como o I Fórum de Pesquisadores e acabamos fundando uma associação, que hoje conta com mais de 60 pesquisadores. E tudo começou com um projeto em uma escola da periferia de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais.

Recentemente comecei a estudar sobre quadrinhos na Europa. Primeiro na França. Tudo começou com o pedido de Amaro Braga, que queria que eu escrevesse um capítulo para um livro sobre as mulheres nos quadrinhos franco-belgas. Recusei duas vezes, mas ele insistiu. Para escrever o artigo eu tive que pesquisar muito e fazer contatos. Por conta disso, conheci pessoas maravilhosas como Chantal Montellier e ainda me tornei colaboradora de uma revista francesa.

Agora, em 2016, aconteceu de novo. Ganhei algumas revistas suecas. Comecei a investigar seus personagens, a conhecer sua história. Fui acumulando informações, fazendo contatos. As coisas foram simplesmente acontecendo. Fui conhecendo pessoas, fui firmando relações profissionais e, espero, de amizade. Hoje criei uma rede que me permite ter acesso a um material que eu sequer sabia que existia. Agora, em 2017, vou começar o ano conhecendo pessoalmente estes novos amigos e, imaginem só, vou parar no Festival de Angoulême! 

Se hoje eu colho frutos do meu trabalho foram essas pessoas que o destino (ou acaso) colocaram na minha vida. Sou a primeira a admitir que precisei e sempre vou precisar dos outros para chegar a qualquer lugar, porque todos que passaram pela minha vida contribuíram de alguma forma para a pessoa que eu sou hoje. E acho que sou uma boa pessoa e uma ótima profissional. 

Espero que a roda da fortuna favoreça a todos nós em 2017, com novas oportunidades profissionais, novas amizades e novos amores. Que nossas relações sejam ampliadas e que, para cada pessoa que deixe as nossas vidas, duas outras possam entrar e torná-la ainda mais completa.

domingo, 11 de dezembro de 2016

O GRITO DO POVO: A MULHER REVOLUCIONÁRIA SOB A ÓTICA DOS QUADRINHOS


Depois de 3 anos meu artigo foi publicado nos Cadernos de História da UFOP. Não me perguntem a razão de tanta demora. Mas, enfim, já que foi publicado (com data de 2013, diga-se de passagem), segue o resumo e o linque do texto para quem tiver curiosidade. Há, também, outros artigos que falam de quadrinhos.

O Grito do Povo: a mulher revolucionária sob a ótica dos quadrinhos

ResumoAs histórias em quadrinhos têm surgido como fonte e referência para estudos em diversas áreas, inclusive na História, pois são fontes culturais que carregam informações valiosas para a historiografia. Como uma expressão de um determinado contexto histórico, os quadrinhos podem ser vistos como representações e testemunhos e nos revelam práticas culturais, sociais e ideológicas. Também têm valor didático-pedagógico que lhes permitem ser, ao mesmo tempo, uma forma de lazer e um recurso de formação. Na presente pesquisa, usaremos histórias em quadrinhos, ou romance gráfico, que constroem representações de mulheres-soldado. A partir delas, pretendemos compor um estudo acerca da participação feminina em momentos decisivos da histórica ocidental, em especial francesa, culminando com o episódio da Comuna de Paris.

Palavras-Chave: Comuna de Paris, mulher, representações

Abstract: The comics have emerged as a source and reference for studies in diverse areas, including history. They are cultural sources that carry valuable information for historiography. As an expression of a particular historical context, comics can be seen as representations and statements and reveal the cultural, social and ideological practices. They also have didactic-pedagogical value that allow them to be at the same time, a form of leisure and training resource. In this research, we will be using comic books, or graphic novel, which construct representations of female soldiers. From them we intend to compose a study of female participation in decisive moments in Western history, particularly the French, culminating in the episode of the Paris Commune.

Keywords:  Paris Commune, woman, representations

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