terça-feira, 13 de junho de 2017

OS QUADRINHOS FEMINISTAS DE ELIN LUCASSI


Os quadrinhos feministas revolucionaram a indústria dos quadrinhos na Suécia. Na última década, as mulheres passaram a ocupar lugar de destaque na produção nacional. Especialistas como Fredrik Strömberg acreditam que elas, atualmente, lideram o mercado com uma produção original e muito politizada. A televisão e as redes sociais tiveram um papel muito importante neste sentido, pois permitiram que os artistas pudessem mostrar seus trabalhos sem dependerem exclusivamente das editoras.

E os suecos gostam de quadrinhos politizados. Por isso quadrinistas como Malin Biller, por exemplo, com suas tiras provocativas fazem muito sucesso nos jornais. Embora aquele país tenha um mercado reduzido para os quadrinhos, até porque a Suécia é um país pequeno, com menos de 10 milhões de habitantes (9.799 milhões), seus quadrinistas vêm ganhado o mundo. Muitos já foram publicados em países como Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal. Eles, também, já estão ganhando o Brasil. Este ano a AVEC Editora publicou Alena, do Sueco Kim W. Andersson. Há ainda a possibilidade de termos, em breve, os mangás suecos de Natalia Batista.

Tanta efervescência cultural em um país tão pequeno se deve principalmente a uma oxigenada política que teve início no final do século XX. A Suécia vem rompendo com o conservadorismo adorando uma educação voltada para uma visão mais politizada da sociedade e baseada na igualdade de gênero. 

Das artistas desta nova geração que abraçaram os quadrinhos feministas, temos Elin Lucassi. Lucassi já trabalhou como professora, é cartunista, editora e escritora, tendo trabalhado, também como bibliotecária. Ela conta que começou a desenhar na escola, fazendo caricaturas de professores e desenhando situação engraçadas nas quais ela se envolvia. 

Seus quadrinhos são feministas e marcados por um estilo de desenho único e uma narrativa inteligente. Lucassi trabalha com temas que giram em tornos de preconceito, sexismo e racismo, entre outros, com muito humor, mas, ao mesmo tempo, de forma muito séria. Apesar dos avanços dos últimos anos a sociedade sueca ainda é muito paternalista e estes temas precisam ser discutidos.

Lucassi respondeu a algumas perguntas que fiz sobre sua profissão e sobre as mulheres e os quadrinhos na Suécia, no dia 26 de maio. Respostas curtas, mas que estão me ajudando a compor um panorama mais amplo do que é o mercado dos quadrinhos na Suécia e sobre a inserção feminina naquele mercado.

Segundo Lucassi, embora na Suécia estes problemas sejam combatidos eles ainda estão presentes. Nas palavras dela “As pessoas têm, por exemplo, a necessidade de formar um nós e um deles, o que pode levar ao racismo”. Além disso, Lucassi destaca que não é fácil ganhar a vida como quadrinista e, devido ao tipo de quadrinho que ela faz acaba recebendo críticas mais exaltadas de grupos conservadores. 

Mas, de uma forma geral, o efeito de tantas lutas encabeçadas pelo movimento feminista tem sido positivo. A autora afirma que as mulheres quadrinistas têm sido muito solicitadas e vê recebendo mais atenção pelo seu trabalho.

Encerrando minha breve entrevista eu tinha que perguntar a ela sobre o que achava do uso dos quadrinhos na educação. Ela me respondeu que a partir a sua experiência como professora e trabalhando durante um tempo como bibliotecária, ela acredita no potencial dos quadrinhos como ferramenta didática. Atualmente, ela trabalha como editora de livros digitais educativos e usa com frequência cartuns. Segundo ela, é muito importante ensinar as crianças a lerem a partir das imagens.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Elin Lucassi, o leitor pode acessar o site Politsm, onde Lucassi publica regularmente seus quadrinhos, ou pode seguir sua coluna na Litteratur Magazine. Tudo em sueco, mas sempre se pode traduzir a página ou usar o tradutor para ler suas tirinha.

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