domingo, 30 de julho de 2017

MINHAS (QUASE) FÉRIAS DE JULHO

Nas minhas pequenas férias de julho eu tentei me organizar o máximo possível depois da enxurrada de compromissos e eventos que marcaram o primeiro semestre. E eu ainda me sinto cansada.

Uma amiga comentou que isso acontece porque o tempo é implacável, ou seja: estou ficando velha. No entanto, acho que não é bem a idade, mas o excesso de responsabilidades. Escola, família, pesquisas,  relações afetivas e profissionais, tudo isso acaba se de tornando desgastante. 

Para fugir um pouco disso tudo, e em busca de maior motivação para encarar este segundo semestre, eu uni trabalho e lazer e fui para Brasília (DF). Local improvável para se passar as férias, eu sei. Mas este ano tivemos lá o XXIX Simpósio Nacional de História, organizado pela ANPUH (Associação de História), sediado na UnB.


Sou associada da ANPUH há mais de 20 anos. Meu primeiro encontro regional foi em 1991, na UFOP, em Mariana (MG), quando ainda era estudante, e o nacional em 1995, na UFPE, em Recife (PE). Desde então raramente falto a um evento, seja ele nacional ou regional. Tenho lá meus prós e contras com relação à ANPUH, me dou esse direito pelo tempo que sou associada. 

Acho que a ANPUH é um excelente espaço para debates e para se fazer novos contatos. Os encontros, também, são muito bons para se conhecer o que vem sendo pesquisado no Brasil e dar uma reciclada na pratica docente. Os simpósios e encontros regionais oferecem ainda a oportunidade de novas leituras (sempre há feitas de livros e muitos lançamentos) e reencontrar amigos. Aliás, aproveitei para lançar meu livro lá. Foi uma experiência gratificante.
Lançamento do meu livro, no ICC Norte, dia 25 de julho, ao lado dos amigos Afonso, Luciana e André.
No entanto, a ANPUH ainda peca em uma coisa: ela não atrai o professor da educação básica. Veja, por exemplo, o caso de Minas Gerais. Se um professor de História de cada município mineiro fosse participar da ANPUH, seriam mais de 800 participantes apenas de um Estado Brasileiro. E um ainda é pouco, levando em consideração o número de escolas que temos no nosso em Minas Gerais. 

Incentivar o professor/pesquisador deveria ser um dos nortes da ANPUH. Ao invés disso estamos criando uma "República de Doutores", onde um professor da educação básica acaba sentindo-se marginalizado. Eu sou cara de pau demais para me sentir assim, mas não vejo outros colegas motivados a investir na participação em eventos acadêmicos. Uma das frases que eu mais ouço é "Você ainda está na escola?" Eu me pergunto: por que acham que eu deveria estar em outro lugar?

Mesa redonda: Democracia política e tradições golpistas na história republicana brasileira, com  Eloisa Barroso (UnB), Rodrigo Pato Sá Mota (UFMG), Marcos Francisco Napolitano De Eugenio (USP) e Marcelo Siqueira Ridenti (UNICAMP). A melhor mesa que eu assisti e que me fez perceber que não estou tão por fora do assunto o quanto eu imaginava.

Eu apresentei um trabalho sobre Pagu, cuja versão simplificada eu já disponibilizei aqui no blog (clique aqui) e estou dando os retoques finais no artigo completo, que será enviado para os anais do evento. Minha amiga e companheira de pesquisa, Valéria Fernandes da Silva, também apresentou um trabalho muito interessante sobre a adaptação do romance de Machado de Assis, "Helena", para mangá. Infelizmente, desta vez não tivemos um ST (simpósio temático) sobre Quadrinhos e História, mas quem sabe no próximo simpósio?

Brasília acabou se tornando meu roteiro de férias. Devo confessar que foi uma grata surpresa. A capital federal tem seus encantos. A arquitetura é grandiosa, difícil não apreciar. A construção que eu mais gostei foi a Catedral. E olhe que eu tenho uma queda por igrejas antigas e rústicas, mas a catedral de Brasília me cativou. 


A cidade é um exemplo de como paisagismo e arquitetura combinados podem transformar uma região quase inóspita em um centro urbano exuberante. Sua arquitetura monumental é uma referência à grandiosidade do próprio Brasil. Dos prédios públicos aos espaços destinados ao lazer, como os parques e os clubes e restaurantes construídos ao longo do lago Paranoá, tudo passa a impressão de amplitude.

Para quem não sabe (eu não sabia), o Lago Paranoá é um lago artificial de 38 quilômetros quadrados, cuja ideia da criação faz parte do relatória da Missão Cruls, ocorrida em 1894, sob o governo do Marechal Floriano Peixoto. Esta missão tinha por objetivo estudar e explorar a região do Planalto Central, em obediência à Emenda Lauto Müller (1890) que determinava a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para o centro do país. Juscelino Kubitschek, portanto, tirou sua inspiração para a construção de Brasília da Constituição de 1891.

Foto tirada às margens do Lago Paranoá.
Brasília é uma cidade moderna e bonita, que carrega um pouco de cada região. A culinária local é maravilhosa. Eu adorei dos "dadinhos de tapioca", por exemplo, uma iguaria que eu nunca havia experimentado. Diga-se de passagem, eu comi muito bem Brasília, dos bares mais simples aos restaurantes mais badalados. A culinária brasiliense é muito diversificada. 

Como em toda capital podemos encontrar em Brasília de tudo um pouco. Por exemplo, eu almocei dois dias em um restaurante chinês próximo à UnB. Mas o que, me parece, predomina mais na região é a culinária nordestina. 

Eu fui a um restaurante nordestino fantástico, o Mangai. O estabelecimento em si é muito bonito, às margens do lago, próximo à ponte Juscelino Kubitschek, também conhecida como "Terceira Ponte". O local tem uma vista linda do lago e da ponte e os clientes do restaurante aproveitam para tirarem fotos. Menos eu, que esqueci meu celular no carro e não tirei foto alguma. Acontece.

Restaurante Mangai, que fica próximo ao lago de Brasília.
Em resumo, minhas quase férias foram muito acima da expectativa. Eu participei de um evento acadêmico, reencontrei amigos, conheci outras pessoas e ainda tive tempo de me divertir um pouco e "turistar". A próxima ANPUH Nacional será em Recife, em 2019, cidade que eu adoro e espero poder estar lá. Chega a ser até nostálgico: meu primeiro simpósio Nacional foi justamente lá, há 22 anos atrás.

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