quarta-feira, 17 de junho de 2009

Patrimônio Imaterial


O Patrimônio Cultural Intangível ou Imaterial compreende as expressões de vida e tradições que comunidade, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes.

Apesar de tentar manter um senso de identidade e continuidade, este patrimônio é particularmente vulnerável uma vez que está em constante mutação e multiplicação de seus portadores. Por esta razão, a comunidade internacional adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Intangível em 2003.

É amplamente reconhecida a importância de promover e proteger a memória e as manifestações culturais representadas, em todo o mundo, por monumentos, sítios históricos e paisagens culturais. Mas não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos e manifestações, transmitidos oral ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção intangível da herança cultural dos povos, dá-se o nome de patrimônio cultural imaterial.

Para muitas pessoas, especialmente as minorias étnicas e os povos indígenas, o patrimônio imaterial é uma fonte de identidade e carrega a sua própria história. A filosofia, os valores e formas de pensar refletidos nas línguas, tradições orais e diversas manifestações culturais constituem o fundamento da vida comunitária. Num mundo de crescentes interações globais, a revitalização de culturas tradicionais e populares assegura a sobrevivência da diversidade de culturas dentro de cada comunidade, contribuindo para o alcance de um mundo plural.

Ciente da importância dessa forma de patrimônio e da complexidade envolvida na definição dos seus limites e de sua proteção, a UNESCO vem, nos últimos vinte anos, se esforçando para criar e consolidar instrumentos e mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa. Em 1989, a Organização estabeleceu a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular e vem, desde então, estimulando a sua aplicação ao redor do mundo. Esse instrumento legal fornece elementos para a identificação, a preservação e a continuidade dessa forma de patrimônio, assim como de sua disseminação.

De modo a estimular os governos, ONGs e as próprias comunidades locais a reconhecer, valorizar, identificar e preservar o seu patrimônio intangível, a UNESCO criou um título internacional, concedido a destacados espaços (locais onde são regularmente produzidas expressões culturais) e manifestações da cultura tradicional e popular. Assim, em 2003 e 2005 a Proclamação das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade selecionou, por meio de um júri internacional, espaços e expressões de excepcional importância, dentre candidaturas oferecidas pelos países.

Além das gravações, registros e arquivos, a UNESCO considera que uma das formas mais eficazes de preservar o patrimônio intangível é garantir que os portadores desse patrimônio possam continuar o produzindo e transmitindo. Assim, a Organização estimula os países a criarem um sistema permanente de identificação de pessoas (artistas, artesãos etc.) que encarnam, no grau máximo, as habilidades e técnicas necessárias para a manifestação de certos aspectos da vida cultural de um povo e a manutenção de seu patrimônio cultural material.

Finalmente, em 2003, após uma série de esforços, que incluíram estudos técnicos e discussões internacionais com especialistas, juristas e membros dos governos, a UNESCO adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Essa convenção regula o tema do patrimônio cultural imaterial, e assim complementa a Convenção do Patrimônio Mundial, de 1972, que cuida dos bens tangíveis, de modo a contemplar toda a herança cultural da humanidade.

Bibliografia em Patrimônio Imaterial



Fonte: UNESCO

terça-feira, 16 de junho de 2009

Piraí é primeiro município do mundo a adotar um PC por aluno

Eu li a reportagem, que foi uma indicação do amigo Alexandre Soares e fiquei imaginando meus alunos com este equipamento nas mãos, motivados a produzir e a estudar. Seria o máximo. Mas muito além da questão de levar a computares para a escola, está a questão de se valorizar a educação como um todo. Destaque para a seguinte afirmação, que faz parte do texto abaixo: "O município é a base de tudo e deveria ser o ponto de partida de todos os projetos. Piraí é a prova que os iniciativas originadas em um município têm muito mais chances de sucesso, sejam elas relacionadas à tecnologia, à saúde ou qualquer outra área". Pois eu concordo plenamente. As escolas municipais tem tudo para dar aos nossos alunos oportunidades ímpares de aprendizado. Trabalhei na rede estadual por 15 anos, mas foi na rede municipal que eu consegui apoio para realizar meus projetos.

Os netbooks da Intel, conhecidos como Classmates e já bastante difundidos em salas de aulas e projetos educacionais da iniciativa privada, fazem sua estréia entre alunos da rede pública brasileira. Mais do que isso, os computadores estrelam o primeiro projeto municipal de um computador por aluno não só no Brasil, mas em todo o mundo. Em evento realizado nesta terça-feira (16), o vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, anunciou a compra de 5.500 unidades dos equipamentos.

Dois anos atrás, em 2007, a Intel doou 400 Classmates a Piraí como incentivo ao projeto Piraí Digital, cujo planejamento estratégico teve início em 2003. As máquinas foram implantadas na escola Rosa da Conceição Guedes, no Ditrito de Arrozal. Dado o êxito da iniciativa, posteriormente, o município adquiriu com recursos próprios outros 250 equipamentos. Somados, os Classmates contemplam todos os cerca de 6.200 alunos nas 21 escolas da rede pública em Piraí. As crianças terão acesso aos equipamentos a partir de agosto deste ano. "Este é o primeiro projeto de um computador por aluno de fato implementado em todo o mundo", afirma Oscar Clarke, presidente da Intel Brasil. "Trazer a tecnologia para a sala de aula é inserir nossas crianças na era da informação em que vivemos. Piraí e o estado do Rio de Janeiro é uma vitrine não só para o Brasil, mas para o mundo, e deveria servir de exemplo para o governo federal., que há algum tempo não consegue tirar do papel o projeto de um computador por aluno", sugere Clarke.

Arthur Henrique Ferreira, prefeito de Piraí, conta que o governo federal avaliou quatro cidades em diferentes regiões do país antes de decidir pela injeção de capital em Piraí. Segundo Tutuca, como é conhecido o prefeito, o projeto batizado Inove Educação recebeu R$ 4 milhões do governo estadual para a aquisição dos equipamentos - cada Classmate saiu a aproximadamente R$ 700. Em contrapartida, a prefeitura investiu outros R$ 1.28 milhão, valor que inclui a aquisição de servidores e infraestrutura das escolas e a capacitação e compra de computadores para os professores.

"O município é a base de tudo e deveria ser o ponto de partida de todos os projetos. Piraí é a prova que os iniciativas originadas em um município têm muito mais chances de sucesso, sejam elas relacionadas à tecnologia, à saúde ou qualquer outra área", afirma Tutuca.

Maria Helena Cautiero, coordenadora do projeto Piraí Digital e uma das responsáveis pela concretização da iniciativa de um laptop por aluno no município, acredita que esta seja uma contribuição para a evolução da educação no Brasil.. "As crianças normalmente encontram uma sala de aula ultrapassada, e a taxa de evasão só aumenta se nada é feito no sentido de mudar o paradigma da educação. Nós fizemos isso com base em fatores como mobilidade, interatividade, inovação, compartilhamento, construção e colaboração", detalha Maria Helena, citando como exemplo da escola Rosa da Conceição Guedes, que triplicou o número de alunos desde o início do projeto. Segundo a coordenadora, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nesta escola saltou de 2,2 para 4,8 nesse período.

Maria Helena explica ainda que o município de Piraí optou desde o início do projeto pelo software livre. Os Classmates utilizados nas salas de aula do municípo rodam Linux. "Você não pode fazer um projeto de inclusão digital com base em software proprietário", afirma. "A adoção do software livre, inclusive, vem motivando e criando uma massa de jovens interessados no desenvolvimento de tecnologias em baseadas em software livre."

Com o onjetivo de envolver cada vez mais a família na educação dos alunos e levar a tecnologia também aos pais, os alunos poderão levar seus laptops para casa. "Como a cidade é toda coberta por acesso via banda larga, as crianças podem acessar a internet a partir de outros pontos", explica a coordenadora do Projeto Piraí Digital.

Um pouco de história e o que deve vir pela frenteDesde 1997 a cidade sofria com a privatização e o consequente desemprego no município. Na ocasião, a cidade deu início ao projeto de ter uma rede própria de internet, bem como de digitalizar inúmeros processos e levar às salas de aula a tecnologia que permeia atualmente todos os mercado. "Na ocasião tínhamos na prefeitura apenas dois computadores. Seria impossível atrair investimentos sem capacidade de comunicação", recorda Pezão. De lá para cá Piraí tornou-se referência em cidade digital, com expressivos investimentos e projetos na área de educação.

"Estamos fazendo esforços para levar o modelo de um computador por criança aos mais de 1 milhão de alunos da rede pública estadual", afirma o governador do Rio de Janeiro. "O Rio pode ser um laboratório para o mundo", garante, afirmando, no entanto, que a expansão do projeto ainda está apenas no papel.

Campanha de sensibilização para criação de arquivos municipais

A reunião será de 29 de junho a 01 de julho. Uma oportunidade para os gestores públicos refletirem sobre a necessidade de se investir na criação e organização de aquivos públicos em Minas Gerais. O Conselho Estadual de Arquivos foi criado pelo Decreto nº 39.504, de 24 de março de 1997, órgão colegiado com função deliberativa, previsto no artigo 83 da Lei nº 11.726, de 30 de dezembro de 1994, subordinado diretamente ao Governador do Estado de Minas Gerais. O CEA tem por finalidade coordenar as ações da política estadual de arquivos, bem como estabelecer normas técnicas de organização dos arquivos da Administração Pública Estadual, definir os planos de regionalização do Arquivo Público Mineiro e de funcionamento dos serviços ou unidades de arquivos nos órgãos públicos estaduais. Segundo a lei, em seu Art. 3º Compete ao CEA:
I - estabelecer diretrizes visando à gestão, à preservação e ao acesso a documentação de arquivos;
II - promover o inter-relacionamento entre os arquivos públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estaduais;
III - propor a edição de instrumentos normativos necessários ao aperfeiçoamento e à implementação da política estadual de arquivos;
IV - zelar pelo cumprimento da legislação que disciplina o funcionamento e acesso aos arquivos públicos;
V - colaborar com o Conselho Nacional de Arquivos na identificação de arquivos privados de interesse público e social;
VI - elaborar subsídios e emitir pareceres, sempre que solicitados, nas questões pertinentes ao patrimônio arquivístico do Estado de Minas Gerais;
VII - estimular programas de gestão e de preservação de documentos públicos, de âmbito estadual e municipal, produzidos ou recebidos em decorrência das funções executiva e legislativa;
VIII - subsidiar a elaboração de planos estaduais de desenvolvimento, sugerindo metas e prioridades da política estadual de arquivos;
IX - estimular a capacitação técnica dos recursos humanos que desenvolvam atividades de arquivo nas instituições integrantes do Sistema Estadual de Arquivos;
X - recomendar providências para a apuração e a reparação de atos lesivos à política estadual de arquivos públicos e arquivos privados de interesse público e social;
XI - articular-se com outros órgãos e entidades do poder público formuladores de políticas estaduais de planejamento, de educação, de ciência e tecnologia, de informação e de informática;
XII - exercer as atividades correlatas que lhe forem delegadas.
Art. 4º O Conselho Estadual de Arquivos tem a seguinte composição:
I - Diretor do Arquivo Público Mineiro, que é seu Presidente;
II - 1 (um) representante da Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administração;
III - 1 (um) representante do Poder Judiciário;
IV - 1 (um) representante do poder Legislativo;
V - 1 (um) representante de Arquivo Público de Município;
VI - 2 (dois) representantes do Arquivo Público Mineiro;
VII - 1 (um) representante do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA-MG;
VIII - 1 (um) representante da Companhia de Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais – PRODEMGE;
IX - 2 (dois) representantes de instituições não governamentais que atuem na área de ensino, pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais.


Clique em cima da imagens para ampliar e verificar a programação do encontro. Mais informações e inscrições podem ser feitas pelo e-mail: arquivosmunicipais.apm@cultura.mg.gov.br



sexta-feira, 12 de junho de 2009

A Biblioteca Municipal de Leopoldina (1895)


Encontrei acidentalmente uma referência à Biblioteca Municipal e Leopoldina, mas não a que temos atualmente, mas uma que foi alojada no prédio da Câmara, em 1895. Na vigência de Brasil-República as Câmaras funcionam num sistema parlamentarista com o presidente acumulando função de Agente Executivo. Na época , o agente executivo municipal era Lucas Augusto Monteiro de Barros. É triste perceber que, mais de 100 anos depois, a nossa bilbioteca municipal ainda não recebe a atenção devida, nem possui um espaço adequado onde possam ser desenvolvidas atividades ligadas à leitura e à cultura. Segue o texto, na íntegra.


BIBLIOTECA MUNICIPAL

Com a aquisição do novo prédio em que funciona a Câmara, acha-se hoje colocada em cômodo próprio a Biblioteca Municipal, podendo com justíssima razão ser aumentada a bem da população deste município que não goza, por enquanto, das prerrogativas que outros lugares são às bibliotecas, fundadas e mantidas pela Câmara.

Muito conveniente e vantajoso, portanto, seria que o poder legislativo votasse anualmente uma verba para a compra de livros, e reformasse regularmente esta biblioteca, concorrendo assim para sua riqueza e consequente desenvolvimento.
Para este assunto, aliás importante, chamo a vossa especial atenção.

Relatório apresentado ao agente executivo pelo official da Secretaria da Câmara Municipal de Leopoldina, em 31 de dezembro de 1895. Rio de Janeiro, Typogradia Moreira Mazimiano, Chagas &, p. 35

domingo, 7 de junho de 2009

Nova imagem de Dilermando Cruz

Recebi esta semana uma primeira edição do Livro Bernardo Guimarães, de Dilermando Cruz. Um verdadeiro achado. A edição é de 1911 e traz um foto mais nítida do escritor (clique para ampliar).


Na página 121, Dilermando faz uma referência carinhosa a Leopoldina. Segue a transcrição:

NOTA FINAL

Neste volume deveriam estar incluídas mais duas palestras: uma sobre o Bello, proferida em dias do mês de Abril de 1901, no salão da Câmara Municipal de Leopoldina, por ocasião da festa inaugural de um Club Recreativo; outra, proferida no Theatro Alencar, da mesma cidade, sobre a Saudade, por ocasião da sessão solene do aludido Club Recreativo, em homenagem ao autor que retirava de Leopoldina para Juiz de Fora.

Desses trabalhos , aliás feitos sem grande cuidado e por um principiante, perdeu-se grande parte, restando apenas algumas tiras, pelas quais talvez ainda possam um dia ser refundidas as palestras.

Si assim acontecer, o autor as publicará como grata recordação da sua mocidade.


Juiz de Fora, abril de 1911


CRUZ, Dilermando. Bernardo Guimarães (Perfil Bio-biográfico-literário). Casa Azul S. Costa & Comp. Editores, Juiz de Fora, 1911, p. 121.

João Moojen de Oliveira

Dica da D. Cidinha Lintz. O artigo abaixo está disponível para donwload no link http://www.museunacional.ufrj.br/CP/Arquivos/Arq.2005/Arq.63-1/p7-12%20Freitas.pdf, é uma breve biografia de um pesquisador brasileiro, nascido em Leopoldina, e que se destacou na área da Zoologia. João Moojen nasceu em Leopoldina, Minas Gerais, em 1 de dezembro de 1904. Em Além Paraíba, casou-se com D. Emília Costa Cruz Figueira. Em 1933, recebeu convite do diretor J. Bello Lisboa para lecionar Zoologia e Biologia Geral na Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Estado de Minas Gerais, a qual daria origem à atual Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Biologia de agosto de 1933 a dezembro de 1937, ano em que deixou Viçosa. Durante sua estada na ESAV, Moojen dedicou-se principalmente ao estudo de aves e deixou importante coleção zoológica no departamento, a qual constituiu embrião do atual Museu de Zoologia “João Moojen de Oliveira”. O texto oferece muito mais informações sobre este Leopoldinense. Vale a pena conferir.


p7-12 Freitas