domingo, 7 de agosto de 2016

MINHAS IMPRESSÕES DO II ENCONTRO INTERNACIONAL LADYS COMICS

Uma semana depois do término do II Encontro Ladys Comics, do qual participei com uma oficina, juntamente com a amiga Valéria Fernandes da Silva, encontrei um tempo para poder escrever sobre a experiência. Acho melhor começar falando justamente sobre isso, a oficina. O tema dela foi "Gênero e Política nas Histórias em Quadrinhos: ensino e pesquisa".  

Nós partimos da nossa experiência pessoal e profissional como professoras de educação básica e pesquisadoras de quadrinhos para tentar levar ao nosso público exemplos de como os quadrinhos podem ser utilizados nas escolas e de como eles têm potencial como objeto de pesquisa. E falando das nossas oficineiras, a princípio eu achei que seriam, em sua maioria, pessoas ligadas a área da educação mas havia um pouco de tudo. Havia estudantes de arte, professoras, estudantes de comunicação e até quadrinistas. 
Com as moças que participaram da nossa oficinas - extrapolamos o tempo e elas ficaram firmes, até o final.
Cada minuto foi aproveitado, embora eu acredite que se tivéssemos mais 2 horas de oficina, assunto não faltaria. Acho que agradamos. Fazia um tempo que não ministrávamos oficina, Valéria e eu. Aliás, um bom tempo. Foi então duplamente compensador, tanto pela oportunidade que nos foi oferecida, quando por estar ali com minha querida amiga. 

Mas o encontro não se resumiu à oficina, claro. Assisti a algumas mesas e conversei com muita gente. Em sua maioria, quadrinistas, mas havia também pesquisadoras e pesquisadores. Gostei muito de ouvir a experiência das quadrinistas, tanto das mais jovens quanto das veteranas. Em sua maioria, muito lúcidas.
Com a amiga Valéria Fernandes da Silva
15 anos de amizade e parceria! 

Apesar do preconceito que este tipo de encontro desperta em algumas pessoas, e aí incluo homens e mulheres, por ser um encontro que potencialmente projeta um discurso feminista, que muitas vezes pode tomar uma direção perigosa, achei o público em geral muito aberto e amistoso. A maioria era de mulheres, claro, mas havia uma boa quantidade de homens e todos pareciam bem a vontade. 

Da organização não posso reclamar. Todos sempre atenciosos, prestativos. Fomos bem acolhidas desde o primeiro dia. No hotel fazíamos as refeições juntas, todas as convidadas, em clima de descontração. Claro, foi muito cansativo, uma jornada de três dias, onde acordávamos cedo e chegávamos sempre depois das 20h. Precisei de um dia para me recuperar, mas é um cansaço bom. Confesso, sem vergonha, que gostaria de poder ter ficado mais e que me vieram lágrimas aos olhos na hora da partida.

É mais do que um encontro sobre mulheres nos quadrinhos. Nós acabamos criando vínculos, compartilhando vivências, histórias. Eu reencontrei pessoas que não via há alguma tempo, tivemos momentos descontraídos e momentos sérios. 

Crau da Ilha e Nilson.
Engana-se quem pensa que vamos para encontros falar apenas sobre quadrinhos. É muito mais do que isso. Nesses encontros nascem parcerias que rendem produtos, que podem definir rumos de projetos futuros. 

Por exemplo, eu passei horas conversando com Crau da Ilha e Nilson, dois veteranos da época do Pasquim e do Bicho. Dá pra fazer ideia do quanto eu aprendi sobre repressão durante a ditadura?

Enfim, no geral, só tenho a agradecer pela oportunidade. Aproveitei muito, acho que foi um ganho profissional e pessoal e espero estar presente no III Encontro Lady Comics, quando ele acontecer, mesmo que não seja na condição de convidada.

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